Capítulo 8
Um bom Natal (pt.1)
Madeleyne olhava distraída para a rua, que parecia correr, se afastando ao longe à medida que o carro avançava, as luzes dos postes iluminavam o estreito caminho, totalmente coberto de neve.
Gustav observava Madeleyne, talvez mais do que deveria, e isso deixava a garota um pouco tímida, aquele olhar carinhoso que o rapaz sustentava, fitando as finas ondulações do cabelo castanho da jovem.
– Então, de onde você é? – Perguntou Georg, inclinando-se um pouco para frente e sorrindo.
– Ah, nasci na França, quando completei um ano de idade fui para a Itália com meus pais e meus avós maternos, com três anos fui morar na Inglaterra, e quando minha mãe... – Madeleyne viu uma memória correr em sua mente, sangue, chuva, álcool, definitivamente uma cena perturbadora para uma criança. - ... Quando minha mãe faleceu, eu tinha cinco anos de idade, então vim morar na Alemanha, com meus avós, estou aqui desde então. – Madeleyne sorriu, tentando camuflar a cena recém vista em sua mente, como se fosse um filme repetitivo, um ciclo vicioso, que a atormentava todos as noites e a cada segundo do dia.
– Ah, eu sinto muito. – Georg olhou para o chão do carro, constrangido pela pergunta.
– Tudo bem, o importante é que ainda tenho Josefine. – Madeleyne sorriu, voltando sua atenção para a rua mais uma vez.
Bill olhava pelo espelho, observando o sorriso despreocupado e angustiante da jovem, por que ela mentia que estava bem? Por que insistia em usar aquela máscara de felicidade, quando era notável a sua dor?
– Chegamos, Madeleyne sei que não nos conhecemos muito bem, mas espero que tenha um bom Natal conosco. – Tom virou-se para trás e sorriu, enquanto a jovem apenas assentia com a cabeça e um doce sorriso.
– Vem, eu te ajudo. – Bill abriu a porta do carro e estendeu a mão para a garota, que parou por alguns segundos, observando-o, até aquele momento ela não havia notado a presença da maquiagem no rosto do rapaz.
[Madeleyne]A escura maquiagem, delineando aqueles olhos castanhos, cheios de vida e brilho, quando foi a última vez que vi olhos tão diferentes?
Sabe aquela sensação, quando você olha para alguém, e começa a observar atentamente cada elemento daquele ser? Senti essa mesma sensação ao vê-lo, era incrívelmente tentador o modo como aqueles olhos brilhavam, as roupas escuras constrando-se com a neve que caía, tornando-o único ali.
[/Madeleyne]– Obrigado. – Madeleyne pegou a mão de Bill e saiu do carro, tomando cuidado para não afundar na grossa neve que havia se formado na entrada da garagem.
– Meninos! Que saudade. – Uma voz alegre e um tanto divertida surgiu de trás de Gustav e Tom, que conversavam do outro lado do carro.
– Mãe, Feliz Natal. – Tom abraçou a dona da voz, uma mulher um pouco mais baixa que ele, com cabelos um tanto ruivos, ou loiros, era difícil de enxergar exatamente a cor dele.
– Bill, vem cá. – A mulher estendeu os braços para Bill, enquanto abria um sorriso. Ainda segurando a mão de Madeleyne, Bill foi em direção da mulher, levando a jovem consigo, que tímida encolheu-se um pouco dentro do casaco.
– Espera, mas quem é essa jovem? – A mulher abraçou Bill, e em seguida segurou as mãos de Madeleyne, um pouco envergonhada com a situação.
– Mas você é linda, então quer dizer que esse ano Bill trouxe uma surpresinha para a família. – Madeleyne corou quase de imediato, sentiu seu rosto esquentar um pouco, enquanto Bill dava algumas risadas da situação.
– Mãe, Madeleyne não é minha namorada, é uma amiga do Gustav. – Bill sorriu mais um pouco, e olhou para Madeleyne, ainda avermelhada de timidez.
– Bem, então desculpe-me pelo erro, sou Simone, mãe do Bill e do Tom. – Simone abraça Madeleyne, que agora estava um pouco mais calma com a situação.
– Mãe, que cheiro bom, podemos entrar? – Tom pergunta, esfregando as mãos e olhando para dentro da casa.
– Viu, que bobo, cresceu aqui e pede permissão para entrar, claro que pode Tommy. – Tom revira os olhos e ri do apelido de infância, mas sem perder tempo entra dentro da casa.
– Bem, vamos entrar. – Simone abraçou Bill e os dois entraram, conversando um pouco.
– Vem, não precisa ficar com vergonha. – Gustav estendeu a mão para Madeleyne e a levou para dentro, seguindo Georg.
[Madeleyne]Era um casa como qualquer outra, mas havia algo de diferente, um cheiro de biscoitos, misturando-se com um agradável cheiro de frango, ou peru assado.
Algumas taças, umas garrafas de vinho, aquilo me fazia lembrar de cenas que gostaria de nunca ter visto.
Gustav ia conduzindo-me até o segundo andar da casa, seguindo os gêmeos, que riam e trocavam alguns socos de leve. Dentro de um dos quartos havia um homem chamado Gordon, ele tinha o cabelo um pouco comprido, uma barba bem desenhada e um sorriso alegre, depois de conversar por algum tempo, contínuamos a caminhar por um corredor, onde Bill abriu uma das portas e fez um gesto para que eu entrasse, Gustav e Georg entraram em outra porta e Tom já havia se sumido.
Era um quarto arrumado, todas as paredes eram brancas, exceto a do fundo, que era azulada, havia uma cama de solteiro e um armário.
Bill encostou-se na porta, enquanto eu observava algumas fotos coladas na parede ao lado da cama, haviam alguns pôsteres ao lado das fotos, uma cortina branca, e o quarto cheirava a doces. Lembrava-me o meu quarto... Não o atual, mas o de Londres... Se minha mãe não tivesse tirado a própria vida, ainda estaria morando por lá. Era um lugar muito agradável, morávamos ao lado de uma loja de doces, meu avô ia comigo comprar doces todas as semanas, voltava com os bolsos carregados de chicletes, balas de goma, puxa-puxas, caramelos e várias outras guloseimas de nomes estranhos.
[/Madeleyne]– Esse era o meu quarto, colei todas essas fotos. – Bill ajoelhou-se em cima da cama, pegando algumas fotos que estavam ali, enquanto Madeleyne sentava-se na beirada da cama.
– Pode vir mais aqui, eu não mordo. – Bill sorriu e sentou-se ao lado da jovem, arrumando as fotos em sua mão.
– Veja, este sou eu mais novo, mudei bastante, mas o Tom continua praticamente o mesmo. – Bill entregou duas fotos para Madeleyne, que sorriu ao ver o que parecia um ensaio, Bill tinha o cabelo vermelho, e Tom ainda não usava boné.
– Aqui somos nós dois na páscoa. – Bill mostrou uma foto, onde estava fantasiado de coelho, segurando uma cesta com palha.
– Na Inglaterra tinha uma coisa chamada de caça aos ovos, depois havia um tipo de ceia, e então as crianças saíam para brincar. – Madeleyne sorriu ao lembrar-se da infância, claro que era nova para lembrar da Inglaterra, mas haviam diversas fotos para recordar o que já havia esquecido.
– Admito que fiquei ridículo nessa roupa de coelho. – Bill riu da foto, e olhou para o chão em seguida.
– Não, eu achei fofo. – Madeleyne entregou as fotos para Bill, e sorriu mais um pouco.
– Bem, a neve está forte, acho que terá que dormir aqui essa noite, está tudo bem? – Bill levantou-se da cama e olhou para a janela.
– Ah, bem se sua mãe concordar, então tudo bem. – Madeleyne ajeitou o casaco enquanto olhava para Bill, que virou-se e disse:
– Claro que sim, acho que ela gostou de você. – Madeleyne corou, lembrando-se do pequeno engano de Simone, minutos atrás.
– Bem, eu vou arrumar meu cabelo, ele se desmanchou por causa da neve, tire esse casaco, se sentir frio, dentro do armário há um agasalho de lã, é mais confortável. – Bill virou-se e saiu do quarto.
Madeleyne ficou observando o quarto por mais algum tempo, até decidir abrir o armário e procurar pelo agasalho.
– O que está procurando? – Tom entrou no quarto, surpreendendo a jovem.
– Deixa eu ver, aqui está. – Tom abriu a outra porta e tirou justamente o tal agasalho que Bill havia dito.
– Era isso? – Madeleyne assentiu com a cabeça, e pegou a peça de lã.
– Viu, eu sei de tudo. – Tom olhou para a cama e viu as fotos largadas ali em cima, abriu um sorriso bobo e pegou-as. – Não acredito que ele mostrou isso, eu era um pouco estranho nessa época. – Tom colou as fotos na parede novamente. – Você não fala muito não é? – Tom perguntou, abrindo um sorriso, enquanto pendurava o casaco de Madeleyne na porta do armário.
– Quero que sinta-se à vontade, e qualquer coisa... – Tom fez uma pausa e foi até a porta do quarto. – ... Chame o Tom, certo? – Tom sorriu maliciosamente e seguiu pelo corredor.
Aquela frase e o sorriso de Tom fez Madeleyne sentir-se um pouco boba, era uma sensação engraçada, a malícia e simpatia do Kaulitz mais velho a fez sorrir.
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Cap cute, não é?!