Capitulo 19 - Será o fim?
Bill e Camila passaram toda a tarde conversando, Cezar sentiu falta da companhia de seu amigo, porém quando foi visitá-lo em seu quarto, Bill disse que gostaria de ficar sozinho, que não estava se sentindo bem. Cezar passou a pensar que o amigo estava sentindo falta da filha, que não aguentaria ficar por muito mais tempo ali. Decidiu então que faria o possível para tirar Bill daquela situação, tudo que estivesse ao seu alcance. No entanto ele tinha consciência de que não poderia fazer muito, mas se o pudesse, sem dúvida faria.
Dois dias se passaram, porém nada mudou, além do fato de Tom finalmente ter encontrado um novo baterista para a sua banda, Gustav apesar de seu jeito tímido e sério, em pouco tempo conquistou a simpatia de Tom e inevitavelmente fez com que ele se lembrasse do dia em que conheceu Camila, afinal o encontro dos dois há tempos atrás aconteceu em uma boate, onde Camila bebia algumas cervejas para esquecer a traição de Gustav. Tom se lembrou que na época havia criticado o rapaz, mas que talvez tivesse feito algo muito pior com a garota.
Tudo corria perfeitamente, as coisas pareciam voltar a seus devidos lugares. Mas com Vanessa era diferente.
Todos que a viam, pensavam que ela possuía uma vida perfeita, a vida dos sonhos de qualquer adolescente. Era bonita, inteligente, possuía vários amigos, e uma boa condição financeira. Mas um acontecimento de sua infância a fazia muito triste, um trauma que ela não conseguia superar.
Vanessa tinha apenas 10 anos quando seus pais se separaram, mas mesmo agora ela ainda se lembrava de todas as brigas, discussões e lágrimas derramadas por ela e pela mãe. Desde o dia em que seu pai saiu de casa, após mais uma forte discussão, nunca mais havia o visto. Seu pai nunca telefonou, nunca lhe enviou ao menos uma carta, talvez já houvesse se esquecido que tinha uma filha, era o que ela pensava. Mas pior do que o sentimento causado pela ausência do pai,era o medo de que seu relacionamento com Felipe fosse pelo mesmo caminho. Vanessa sempre se sentiu muito carente, seu maior medo era o de ficar sozinha, talvez por isso aceitasse à tudo que seu namorado propunha.
Como no início do namoro quando ele disse, que não queria um relacionamento sério, que não estava disposto a perder sua liberdade por alguém que ainda não havia conquistado o seu coração. Talvez por o amar , pelo comodismo ou então pelo seu medo de ficar sozinha, Vanessa aceitou o que Filipe dizia, só que ela não imaginava que na verdade, o que ele faria seria a ignorar perante os outros. Quando estavam sozinhos ele se comportava como o rapaz pelo qual ela havia se apaixonado, mas na frente dos outros, principalmente de seus amigos e outras garotas, ele se tornava rude, fingia que não a conhecia, se dizia solteiro, chegando até mesmo a seduzir e ficar com outras garotas na sua frente. Isso a magoava, mas ela aceitava. Nas poucas vezes que chegou a duvidar se aquilo estaria certo, a única coisa que teve como resposta foi a indiferença de Filipe.
‘Não está satisfeita?! Tchau!” era o que ele dizia. Vanessa não queria ser abandonada, não queria ser como a sua mãe. Desde que se viu divorciada, Kátia procurava por um novo amor, mas isso chateava Vanessa. Sua mãe mantinha relacionamentos rápidos e insignificantes com vários homens, nunca havia estado com o mesmo homem por mais de uma semana. Eles eram altos, baixos, loiros, morenos, jovens, velhos...ela não parecia ter qualquer critério para escolher seu novo parceiro, e essas atitudes um tanto quanto adolescentes faziam com que Vanessa às vezes sentisse vergonha da mãe, mas mesmo assim ainda mantinham um bom relacionamento de mãe e filha.
Vanessa não tinha qualquer tipo de pressão sobre ela, a única coisa que a mãe pedia era para que tirasse boas notas, e isso Vanessa fazia por gosto, não por obrigação. Amava ajudar as pessoas, cuidar de seus pacientes, mas sentia um grande medo, o medo de errar, o que fazia com que muitas vezes travasse, ou então fosse mal vista pelos colegas, que muitas vezes usavam seus momentos de insegurança contra ela.
E o pior desses momentos estava sendo durante o seu estágio na clinica psiquiátrica. Era um mundo diferente do qual ela estava acostumada, sentia ainda mais medo do que o normal, e estava feliz por aquele ser um dos seus últimos dia de estágio naquele local, mas triste por não ter conseguido dar o melhor de si por seus pacientes. Exceto um deles, Bill, inexplicavelmente ela havia conseguido a simpatia daquele que a havia ajudado em um desses momentos de medo.
Ela vestia seu uniforme branco, para que mais uma vez fosse fazer seu trabalho de estagiária. Tinha em mente que ao contrário dos colegas, não ficaria perto dos outros pacientes, apenas de Bill, que era o que lhe parecia mais normal. Não tiveram muitos momentos juntos, na verdade apenas um simples contato enquanto ela barbeava um de seus pacientes, mas já era o suficiente para que ela se sentisse um pouco mais segura ao lado dele. Afinal ele já havia estado muito perto dela com um barbeador nas mãos, se ele não a machucou naquele momento, não poderia machucá-la mais tarde, era o que ela pensava.
Assim como sempre fazia, encontrou com Felipe, Taís, Cintia, Marcela e Fernanda perto da escola, para que pudessem ir juntos ao campo de estágio.
Como de costume, Felipe a tratou friamente, como se ela fosse uma simples colega de classe, ou até menos. Talvez para provocá-la, ele abraçava Cíntia, que entre risos e piadas, parecia se divertir muito. Ela preferia acreditar na hipótese de Felipe estar tentando provocar-lhe ciúmes, era menos doloroso e humilhante do que saber que o garoto pelo qual ela gostava não tinha o menor receio em traí-la até mesmo na sua presença.
Na frente da clínica Jucélia, já os esperava, todos antes de se aproximarem da supervisora, olham para si mesmo em busca de algum erro que pudesse os fazer perder pontos. Mas pareciam estar em ordem, sem erros no uniforme e no horário certo,ficaram mais confiantes ao cumprimenta-la.
- Boa tarde. – respondeu ela à todos. - Como vocês já sabem esse é o nosso penúltimo dia de estágio nessa clínica. As datas foram alteradas por causa do calendário de provas de vocês. Então hoje e depois de amanhã haverá estágio, já estão todos avisados. – diz ela abrindo a porta para que os alunos pudessem entrar.
- Hoje nós vamos fazer alguma coisa diferente? – pergunta Taís.
- Creio que não, vou perguntar ao enfermeiro chefe o que tem para fazer hoje. Enquanto isso me esperem aqui. – diz ela, deixando o jardim e indo em direção ao posto de enfermagem.
Assim que Cezar chega ao jardim para aproveitar um pouco a luz do Sol, vê Vanessa a espera da supervisora, então imediatamente volta correndo para o alojamento para avisar a Bill que a garota já estava ali presente.
- Bill, Bill!!! Corre a Vanessa chegou!
Bill que estava deitado na cama perdido em seus pensamentos, ao ouvir a voz de Cezar imediatamente se levanta assustado.
- Ela chegou? Ela está aqui?
- Sim, está! Ela está lá fora no jardim!
- Ai, caramba..e agora?!
- Como e agora? Vai falar com ela!
- Não é simples assim... como é que eu vou chegar nela?
- Ué vocês já não conversaram? Agora é só dizer um oi!
Mas o que apenas Bill sabia é que naquele dia ele havia conversado na verdade com a Camila e não com a Vanessa como Cezar imaginava.
Confiante de que a sorte estaria do seu lado ele apressadamente se dirige ao jardim.
Ao chegar no mesmo, avista Vanessa e os demais estagiários conversarem com a supervisora, decide então esperar pelo momento apropriado em que assim pudesse conversar com a garota.
- Bom, o enfermeiro me disse que não há muito o que fazer hoje. Ele vai apenas precisar da ajuda de dois de vocês para fazer alguns curativos bem simples. Quem vai?
Taís foi a primeira e única a se oferecer, então diante da ausência de outros candidatos a função, Jucélia vira-se para Vanessa dizendo:
- Você vai junto com a Taís.
- Ah.. sabe o que é... eu prefiro não ir. – diz Vanessa constrangida.
- Eu não perguntei se você quer ir, eu disse que você vai e acabou.
- Sim, mas prefiro fazer outras coisas...
Antes que Jucélia pudesse mais uma vez fazer com que sua ordem fosse cumprida, Fernanda temendo que a amiga mais uma vez fosse repreendida, interrompe:
- Eu quero ir! Deixa eu ir no lugar dela!
- A sua sorte é que eu estou de bom humor hoje. – diz Jucélia à Vanessa.
Virando-se para Taís e Fernanda, permite que as duas fossem fazer os curativos.
- Os outros me acompanhem.
- Até onde? - pergunta Marcela.
Enquanto caminhavam para os fundos da clínica, Jucélia explica:
- Ali é onde nós guardamos as obras de artes e artesanatos feitos pelos pacientes. Apesar de estarem doentes mentalmente, alguns pacientes tem um talento incrível para a arte, então nós os incentivamos e guardamos todo o material produzido por eles aqui. –diz Jucélia abrindo a porta de uma pequena sala.
Marcela, Cintia, Felipe e Vanessa, ficam impressionados pela qualidade dos quadros pintados e artesanatos feitos por aquelas pessoas pelas quais não pareciam ter qualquer discernimento.
- É tudo tão caprichado! – exclama Marcela.
- É verdade. – concorda Vanessa.
- Mais dois para ficar aqui e observar eles fazendo arte. – diz Jucélia rindo sozinha da sua própria piada.
- Eu fico! – Vanessa apressa-se em dizer.
- Eu também. – completa Marcela.
- Ok, vocês dois então venham comigo. – diz a supervisora a Cintia e Felipe.
- Mas nós duas vamos ficar aqui sozinhas com eles? – pergunta Vanessa.
- Vocês podem ficar aqui do lado de fora e observar pela janela, por causa do pouco espaço. Mas lá dentro tem uma enfermeira, caso ela precise de alguma ajuda, sejam no mínimo prestativas.
- Tá bom. – dizem Vanessa e Marcela simultaneamente.
Algum tempo mais tarde, como Jucélia havia previsto, uma enfermeira sai da sala e pede que Marcela a ajude na organização de alguns materiais, deixando Vanessa sozinha em frente a sala.
Sem que Vanessa percebesse, um dos pacientes se aproxima e toca em seu cabelo.
Assustada, ela imediatamente vira-se para ele, e sem reação apenas o olha enquanto se afasta lentamente
- Bom dia! – diz ele com o habitual sorriso débil em sua boca com poucos dentes.
Vanessa nada reponde, apenas sente suas pernas tremerem e suas mãos ficarem frias.
Estava prestes a gritar de pavor, quando vê Bill também se aproximar.
- Deixa ela em paz “Bom dia”! – diz Bill.
O homem imediatamente vira-se para Bill, como que se entendesse que o que fazia era errado.
- Não pode! Você sabe disso! – diz Bill num tom severo, porém carinhoso.
“Bom dia”, abaixando a cabeça em sinal de desgosto e com uma das mãos na boca, então volta para o jardim, deixando Bill e Vanessa sozinhos.
Depois de se recuperar do susto, Vanessa diz:
- Você mais uma vez me ajudou! Nem sei como agradecer...
- Não foi nada, o “Bom dia” é um cara legal.
- Não sei... doido é doido,né?!
- Bem...
- Oh! Me desculpe! diz Vanessa, e depois de uma breve pausa, continua: - Mas você não parece ser doido...
- E não sou!
Com a expressão confusa da garota, Bill então começa a mais uma vez contar a sua história, porém agora tinha a certeza de que falava com a verdadeira Vanessa.
Vanessa ouvia à tudo que Bill dizia, era uma história por demais triste e emocionante, era o que ela pensava. O romantismo que Bill aparentava ter, era o que ela sempre procurou em um homem, porém nunca encontrou. Felipe não era e nunca foi o “garoto de seus sonhos”, mas Bill parecia ser alguém muito especial, alguém que apesar do rosto bonito e de toda sua simpatia, já havia sofrido muito na vida, e ao que tudo indicava continuava sofrendo.
- Mas se você não é doido como diz, os médicos já deveriam ter percebido isso!
- Você sabe quantas vezes eu já fui examinado desde que cheguei aqui?! Nenhuma!
- Como assim?! Você deveria estar tendo algum tipo de acompanhamento médico, com psicólogos...
- Ninguém aqui é examinado direito! Se um médico de verdade me examinasse diria com total certeza que eu não tenho problema algum!
- Se eu consigo perceber isso, que dirá um médico!
- Pois é! Mas se eu continuar aqui, nunca vou conseguir provar que eu não quis me matar e que eu estou bem!
- Acho que sim...
- Então se você pudesse me ajudar a fugir...
- Te ajudar?! Não, não.... Eu não posso, não tenho como... É arriscado demais!
- Calma, você não vai sair prejudicada em nada. Diz Bill segurando as mãos de Vanessa.
- Como não?! Se pegarem nós dois eu é que vou ser a mais prejudicada!
- Não, pense bem...
- Eu estou pensando bem! Por isso digo isso, se pegarem você o máximo que fazem é te internar de novo. Mas e eu?
- Por favor me ajude, eu prometo assumir todas as responsabilidades!
- Assumir responsabilidades? E quem confiaria em um maluco?!
- Você sabe que eu não sou maluco! – diz Bill enraivecido.
- Tá, agora eu sei... e os outros? Eu nem te conheço cara...
- Eu também não te conheço mas te ajudei! Duas vezes!
- Mas não foi nada que se compare ao que você está me propondo...
- Você tem razão....
Bill então senta-se em um banco em frente a sala, e desesperado chora, essa era a única oportunidade que possuía para sair daquele local tão terrível, e parecia estar perdida. Vanessa mostrava-se irredutível, e ele sabia que nada poderia fazer para convencê-la.
Vanessa sente-se mal ao ver Bill naquele estado, ela não gostava de ver ninguém chorar, e muito menos um homem tão lindo como aquele, e que fora tão gentil com ela.
- Calma, eu queria poder te ajudar .... mas não posso! Me entenda por favor!
- Cara eu tenho uma filha me esperando... você não sabe o que é isso! Ela já não tem a mãe.... e agora está sem o pai!
- Eu lamento muito por isso..
- Eu não preciso da sua pena! Preciso da sua ajuda!
- Eu tenho medo....
- Eu também tenho! Mas a minha filha... ela é tudo pra mim!
Bill ao lembrar-se da filha, chora compulsivamente, já não conseguia imaginar a vida sem Gerthe, a saudade que sentia era maior do que sua tristeza, do que sua raiva, do que sua dor...
Vanessa vendo Bill chorar pela falta da filha,lembra-se de seu pai. Queria que ele também sentisse sua falta, que fizesse o possível para reencontrá-la, que a amasse tanto quanto Bill parecia amar a filha.
Ela sabia que crescer sem um pai não era nada fácil, o que diria então sem pai ou uma mãe?
Mesmo que se arrependesse mais tarde, ela não poderia deixar que uma criança tivesse o mesmo destino que o dela, passasse pelas mesmas coisas que ela. Então tomando coragem, diz à Bill:
- Ok, eu te ajudo. Pela sua filha.
Bill mal pôde acreditar no que ouvia, finalmente ele talvez poderia se ver livre daquele local horrendo, e rever sua filha,seus amigos, e até mesmo Tom. Emocionado ele levanta-se do banco e abraça Vanessa, dando-lhe um beijo no rosto.
O que eles não sabiam era que Felipe os observava no momento, e não fazia uma interpretação adequada da inocente cena que via.
- O que você pensa que está fazendo Vanessa? – pergunta Felipe em tom de reprovação
Vanessa e Bill se afastam um do outro assustados pela chegada de Felipe.
- Eu não estou fazendo nada. – diz Vanessa calmamente.
- Como não? Você estava se agarrando com ele!
- O que foi? Está com ciúmes? -ela pergunta,
- Mas é claro que não! Acontece que ele é um paciente! E você sabe que vai totalmente contra as regras da enfermagem, contra a moral... contra tudo!
- E quem é você pra vir me falar de moral? Não aconteceu nada demais aqui, foi apenas um abraço.- diz Vanessa mostrando nervosismo.
- Apenas um abraço? Será que a Jucélia também vai pensar que foi apenas um abraço? – pergunta Felipe com um brilho maléfico no olhar.
- Você não vai fazer isso! Vai ser a minha palavra contra a sua! – se defende Vanessa.
- Mas é claro que não... É só eu chamar a Marcela, ela está ali dentro, né?! – diz ele entrando na sala.
Bill olhava para Vanessa,parecendo não entender o que estava acontecendo, ela ainda que nervosa, tenta lhe explicar rapidamente o que se passava.
- O Felipe é um rolo aí que eu tenho... se ele contar pra Jucélia e ela interpretar de forma errada, eu estou ferrada
- Me desculpe... eu não sabia...
Nesse momento Felipe sai da sala acompanhado de Marcela, e lhe explica o que viu.
- Tá vendo esses dois Marcela? Eu vi eles se agarrando! O cara não tem culpa, é claro, ele é doido. Mas a Vanessa, essa sim tem culpa! – diz Felipe.
- Você está ficando com ele? – pergunta Marcela espantada.
- Não Marcela! É tudo mentira desse idiota! –gritava Vanessa.
- Acredite em mim Marcela, vamos a Jucélia contar tudo o que aconteceu, tudo o que nós vimos! – disse ele ressaltando a palavra nós
Bill angustiado com toda a discussão e temendo não só por si mesmo mas também por Vanessa resolve intervir na situação.
- Calma aí cara, o que você viu foi só um abraço, muito inocente. Que a propósito, foi eu que dei. – diz Bill tentando manter-se calmo.
- Escuta só, não se mete aqui não, valeu?! – diz Felipe com arrogância.
- Me meto porque é um assunto que me envolve! – diz Bill.
- Tá vendo só, não pode dar confiança.... Se já esta tomando as dores dela, é porque comeu!
- Larga de ser escroto garoto! – dizia Vanessa.
- Você não dá pra mim, pra dar pra um maluco?! Que decadência...
Enquanto isso sem ser percebida por ninguém, além de Bill, Camila se aproxima da briga e antes que entrasse na sala diz à Bill:
- Bate nele!
Bill apenas franzia as sobrancelhas mostrando que não havia entendido a ordem.
- Bate nele! Empurra ele! – diz Camila já dentro da sala.
Bill apesar de não estar completamente certo de qual seria a finalidade daquilo e temendo as consequências que tal atitude poderia trazer, decide confiar em Camila e sem pensar duas vezes, empurra Felipe, que cai sentado no chão, sujando toda a sua roupa branca de lama.
Ao mesmo tempo dentro da sala onde eram guardadas os materiais de arte, a enfermeira ainda permanecia no local, sentada diante de uma mesa, olhando várias folhas de papel com os desenhos de seus pacientes. Camila rapidamente empurra os papéis fazendo com que assim caíssem no chão, e alguns fossem levados pelo vento.
A enfermeira desesperada se levanta da cadeira, agachando-se para recolher os papéis que voavam,indo para fora da sala, local onde uma briga estava prestes a acontecer.
Felipe furioso se levanta, se aproximando de Bill:
- Você não devia ter feito isso, cara! – grita Felipe com o punho no ar, pronto para dar um soco em Bill.
Camila dentro da sala,já desesperada, ajudava o vento, empurrando os papéis para fora da sala. Enquanto fazia isso, sentia-se aliviada por não estar acompanhada de Yuri, que certamente a impediria de fazer tal absurdo.
Finalmente a enfermeira sai da sala para recolher os papéis que voaram, e se depara com a cena: Felipe pronto para agredir Bill.
Mas antes que isso acontecesse ela intervêm:
- O que você pensa que está fazendo meu rapaz? – diz ela ficando entre Bill e Felipe.
- Nada... é que...- diz Felipe abaixando rapidamente o punho.
- Como nada! Você ia agredir um paciente! Mas não no meu plantão....
- Eu não ia agredir ninguém! – tenta desesperadamente Felipe se defender.
A enfermeira então vira-se para Bill, e após olhar para o seu crachá de identificação pergunta:
- Ele te machucou Bill?
Bill reclinando a cabeça sobre ombro, com um olhar triste tal como uma criança indefesa, acena positivamente, quase fazendo um “biquinho” de choro.
A enfermeira então novamente volta-se para Felipe e pergunta:
- Você é estagiário não é? Quem é a sua supervisora?
- Por favor, não faça isso... – implora Felipe.
- Quem é a sua supervisora? – pergunta novamente elevando o tom de voz.
- Eu só fiz isso porque os dois estavam se beijando! – diz ele apontando para Bill e Vanessa.
- É mentira! Ele está dizendo isso pra não levar a culpa sozinho! – Vanessa apressou-se em dizer.
- Eu sei, eu sei... ninguém quer levar a culpa sozinho! –diz a enfermeira.
- O nome da nossa supervisora é Jucélia! – diz Vanessa.
- Ah... eu conheço, ela vai ficar muito feliz em saber o que um dos estagiários dela anda fazendo...
Me acompanhe rapaz. –diz a mulher para Felipe. E virando-se para Marcela complementa: - Você também, por favor. Preciso que você confirme o que viu.
Assim que os três se afastaram, ficando longe de vista. Vanessa e Bill se abraçam novamente pulando de felicidade.
- Cara você é um ótimo ator! Que cara de sofrido foi aquela?! – diz Vanessa sorrindo.
- É um dos meus talentos – diz Bill também sorrindo.
- Depois dessa, que eu quero mesmo te ajudar a sair daqui!
- Sério? Então vem que eu vou te contar o meu plano... – diz Bill levando-a para o jardim.
Camila ao ver a cena de felicidade dos dois, senta-se no chão e desolada chora.
Bill não havia lhe abraçado em sinal de agradecimento, abraçou a Vanessa, nem ao menos disse-lhe um muito obrigado.
A hipótese de Bill já estar mais forte, mais feliz, a deixava aflita. Era isso o que ela tentava mostrar a Bill, que juntos não poderiam mais ficar, mas no seu íntimo não era isso o que ela queria. Por mais egoísta que pudesse parecer, ela ainda o que queria para si, ainda queria que ele a amasse e a desejasse tanto quanto antes.
Porém ela nada poderia fazer para mudar seu destino, só lhe restava vagar sem rumo, pensando no amor que nunca mais viveria novamente.
Aviso: Está fanfic não me pertence, mas tenho a autorização da autora (Billa Jumbie) para postá-la no Tokio Hotel Fanfictions.