Maldade com a Anny, Sunshine! E está ai o primeiro capitulo. ^.^Passo a mão em meus cabelos pretos tentando organizar o emaranhado de fios que ele se tornou depois da noite agitada. Sinto meu estômago roncar e percebo que estou com fome. Quando foi a última vez que comi mesmo? Penso tentando me lembrar, mas não tenho sucesso. Me despeço de meus amigos sorridentes e saiu do carro indo em direção a minha casa. Paro diante da porta e coloco a mão no leitor de digitais, para que minha casa me reconheça. De todas as tecnologias existentes na minha vida, essa é uma das piores pra mim. Ninguém tentaria roubar minha casa, além de alarmes eficazes, câmeras de seguranças, haviam nossos robôs seguranças que atacariam qualquer invasor. E onde isso deveria ser útil, que é no meu quarto, minha mãe tem total liberdade para entrar na hora que quiser, uma tecnologia desnecessária.
A porta se abre sem barulho algum e adentro minha casa silenciosa. Penso em ir direto para meu quarto, tomar um banho e dormir o dia todo, mas ouço meu estômago roncar novamente, reviro os olhos e vou caminhando preguiçosamente em direção a imensa cozinha.
– Boa dia, senhorita Anny. – uma das robôs empregadas diz sorrindo. Se você a olhasse rapidamente, juraria que é um humano de verdade, mas olhando bem, perceberia seus olhos sem vida e suas ações e falas programadas.
– Quero um café e pão integral com mel. – disse ignorando o bom dia da robô. Para que responder a um robô? Eles pra mim tem que fazer o que mando e só, não sou obrigada nem a ser educada com humanos, quanto mais com robôs programados. Me sentei numa cadeira da bancada e senti minha cabeça latejar. Que legal, ressaca! Deitei a cabeça no mármore frio para ver se aliviava a dor que eu sentia – Faça o café primeiro, e rápido.
– Chegou cedo hoje, não são nem sete da manhã. – ouvi a voz irônica de minha mãe aumentando o volume ao passo que ela entrava na cozinha.
– Bom dia, senhora Kayleigh. – revirei os olhos para a educação da robô.
– Bom dia, Tanja.
– Nossa mãe, para! Além de falar com um robô você ainda dá nome a eles. Por favor, isso já é demais.
– Melhor dar nome a robôs do que passar a noite fora fazendo sabe-se lá o que e com quem.
– Eu estava bebendo, dançando, fumando e com... Quem era mesmo que estava comigo? – falei e olhei para o teto tentando me lembrar de quem estava comigo, mas minha memória não estava boa hoje de manhã.
– Pare de deboche, Anny.
– Mas é serio, mãe. Eu não lembro com quem eu estav... Não! Lembrei! – digo levantando a cabeça e olhando sorridente para ela – Era com Mathä e aquele namorado estranho dela. É, era com eles. – balanço a cabeça feliz por lembrar com quem eu estava, mas me arrependo no instante seguinte quando uma dor aguda invade o centro da minha cabeça. – Ai. – gemo colocando as mãos na cabeça para que ela pare de doer.
– Quando você pretende parar com essa vida?
– Nunca! Quer coisa melhor do que passar a noite toda me divertindo pela cidade?
– Quero! É claro que eu quero, Anny!
– Não começa mãe. – gemi e abaixei a cabeça no mármore novamente.
Todo santo dia eu tinha que ouvir o sermão da dona Kayleigh, de como eu passava quase todas as noites fora de casa e só voltava na manhã seguinte e dormia o dia todo. Ultimamente eu só ignorava as falas dela, ouvir ou tentar discutir seria pior, pois minha mãe jamais pararia de implicar com minhas noitadas. E as coisas só pioravam quando eu chegava bêbada ou completamente louca em casa. Ela sabia o que eu fazia fora de casa, mas acho que ignorava tudo aquilo, para seu bem psicológico, acho.
A robô lerda, que minha mãe denominou de Tanja serviu minha xícara de café e meu pão integral com mel. Tomei um grande gole de café, como era bom sentir novamente o gosto daquela bebida quente em minha boca e que caia muito bem no meu estômago.
– Precisamos conversar, Anny. – ela disse pegando a xícara de café que a robô a havia entregado e me olhava seriamente. Levantei a sobrancelha esperando com que ela continuasse, mas ela apenas permaneceu me encarando.
– Diga. – minha mãe continuou me olhando ainda por algum tempo antes de falar, fazendo com que eu ficasse realmente preocupada pelo que ela poderia dizer.
– Não suporto mais essas suas saídas, Anny. A única coisa que você se limitava a fazer, não importando como está seu estado físico e mental, era as aulas de luta com David. O que não está mais acontecendo...
– Eu continuo indo as aulas. – disse me defendendo de suas acusações.
– Mas chega atrasada. David já me ligou várias vezes reclamando de sua indisciplina e eu já não sabia mais o que fazer com você.
– Sabia? – disse olhando assustada para ela. Algo dentro de mim acordou com aquela palavra. – Como assim você não sabia o que fazer comigo?
– Ontem tive o prazer de conhecer a representante de uma das empresas afiliada a nossa empresa...
– Sua empresa mãe.
– Nossa, Anny. Quando seu avô morreu eu fiquei por conta da empresa, mas quando eu não estiver mais aqui ela será sua e você precisa saber administrar tudo que possuímos.
Revirei os olhos e senti um alivio no peito ao ouvir aquilo. Minha mãe provavelmente só queria que eu fosse para uma faculdade, para que num futuro próximo eu consiga lidar com todos os bens da família. Mas para ser bem sincera, não estou nem um pouco interessada nisso, além do mais, se você me perguntar o que temos hoje, eu não faço a mínima ideia. Sei que nossa família possui bilhões e bilhões em torno do mundo, mas eu não tenho a menor ideia de que propriedades temos e no que investimos. O meu negócio era só gastar uma pequena porcentagem dessa fortuna.
– Como eu estava dizendo. Conheci uma representante de uma empresa que é nossa afiliada e ela me disse que conhece um lugar onde você poderia continuar treinando luta e pararia com essa vida de noites regadas a bebidas e sabe Deus o que mais. – a olhei com a sobrancelha levantada e incrédula, minha mãe não podia estar falando serio. Comecei a rir de sua ideia maluca. – Do que está rindo, Anny?
– Mãe, se você acha que me colocando num colégio interno, cheio de novos milionários mimados e insuportáveis vai me endireitar, você está muito enganada.
– Qual a diferença entre eles e você, Anny?
– Ai, essa doeu. – disse ironicamente para sua comparação. Eu poderia ser uma nova milionária, mas não era nem um pouco mimada e insuportável. Bem, talvez só um pouco. Mas de maneira alguma eu iria conseguir ficar presa em um colégio interno. Não com um mundo cheio de novidades e diversão ao meu dispor.
– Mas não é um colégio interno.
– Ah, não? Então é o que? Um colégio interno só para mulheres? – revirei os olhos com aquela possibilidade.
– Você é apaixonada por luta, lá é como um campo de treinamento especializado. Você terá algumas aulas para administrar nossas empresas e outras atividades disponíveis que você pode ir, se você se interessar, e terá os melhores professores de combate.
– Duvido muito, já que o melhor professor de combate no mundo me dá aulas. E até onde sei ele não dá aula em nenhum colégio para novos milionários. E esquece, não vou para esse lugar ai.
– Você vai sim, Anny.
– Não vou, quero ver você me obrigar. – sorri ironicamente e comecei a comer meu pão com mel.
– Assim que comer, tome um banho, vista uma roupa e desça.
– Mãe, eu não...
– Só faça o que estou mandando, tudo bem?
Revirei os olhos e comecei a ignorá-la, era nessas horas que minha mãe ficava completamente insuportável e não ouvia mais nada do que eu dizia. Logo ela se levantou e foi para seu escritório com cara de poucos amigos. Terminei de tomar meu café e fui para meu quarto, não estava planejando fazer o que minha mãe falava, mas eu realmente precisava de um banho.
Entrei no banheiro e me despi em frente à parede a minha frente, ao qual era toda espelhada, mais uma coisa moderna inútil. Quem havia tido essa ideia de uma parede espelhada no banheiro, deveria ser um narcisista do caramba.
– Chuveiro, ligar. – disse para o nada e meu chuveiro automaticamente começou a jorrar uma grande quantidade satisfatória de água morna. Entrei embaixo dele e aproveitei cada momento ali. Além de lutar e sair para curtir a noite, a água quente caindo sobre meu corpo era o que mais me acalmava.
Ao terminar meu banho fui até meu quarto e peguei a primeira roupa que vi pela frente, um short e uma regata simples. Deitei em minha cama confortável imaginando que iria dormir pelo resto do dia, mas infelizmente isso não aconteceu.
– Anny?! – ouvi a voz da minha mãe, enquanto a mesma adentrava meu quarto.
– Hey, esse é meu quarto. Não posso ter nem privacidade em meu próprio quarto? – disse me sentando na cama e olhando para minha mãe, que ignorou completamente minha reclamação.
– Venha até a sala comigo, agora.
– Ui, isso foi uma ordem?
– Por favor, Anny. Levanta dai e me acompanhe.
Revirei os olhos e me levantei da cama e a acompanhei para a sala a contragosto e completamente sem paciência. Se minha mãe acha que vou aturar mais uma de suas ordens, ela está muito enganada. Eu já tinha ouvido absurdos demais por um dia.
– Anny, esses são Bill e Tom Kaulitz, do Instituto Athena. – minha mãe foi dizendo enquanto entravamos na sala. Revirei os olhos imaginando dar de cara com dois velhos gordos e com cara de tédio. Mas assim que entrei na sala e meus olhos enxergaram os dois homens a minha frente arregalei os olhos surpresa.
– Puta merda! – falei sem pensar olhando os dois homens ali parados. Eles eram incrivelmente altos, o mais alto era magro, mas completamente definido, de cabelos negros um pouco longos num moicano, pele branca e olhos castanhos que me deixaram completamente sem fôlego. O mais baixo era extremamente parecido com o outro, mas com cabelos um pouco mais longos e ao contrario do mais alto que tinha uma expressão seria no rosto, havia um misto de brincadeira em seu olhar.
– Prazer, eu sou Bill Kaulitz e esse é meu irmão, Tom. – disse o mais alto e mais bonito, sem se quer sair do lugar.
– Olá. – Tom me estendendo a mão, ao qual ignorei a olhando como se fosse um bicho. Ele sorriu torto e puxou a mão, voltando a sua posição inicial, com as mãos para trás, como um velho soldado. Os dois vestiam roupas pretas, que provavelmente eram de alguma marca famosa. Ui, eles usam roupa de grife.
– Como eu havia lhe dito mais cedo filha. Você a partir de hoje irá morar no Instituto Athena e será treinada lá.
– Mas nem morta. – revirei os olhos e me virei tentando ir em direção a meu quarto. Minha mãe colocou a mão no meu ombro me fazendo parar. Eu poderia a machucar se quisesse, sabia que como todos humanos milionários ela sabia lutar, mas sem dúvida ela não era páreo para mim. – Mãe, me solta. Não quero te machucar e você sabe muito bem que não vou a lugar algum.
– Desculpe, Anny. Mas não aguento mais essa sua vida e preciso pará-la antes que você faça algo realmente estúpido. Bill, ela é toda sua. – disse minha mãe com a voz falha e me olhando com pesar.
Foi naquele momento que percebi que minha mãe estava realmente decidida a me colocar numa escola estúpida para me colocar na linha. Ao perceber isso, automaticamente olhei em direção ao homem mais alto ali presente, Bill vinha em minha direção com passos largos e decididos. A primeira coisa que senti foi um medo tremendo, ele era bem mais alto e forte que eu. Mas esse pensamento durou apenas um milésimo de segundo, pois no outro eu estava em posição de defesa, ele poderia ser forte e alto, mas eu sabia lutar muito bem. E fora treinada por David Jost, simplesmente o melhor lutador em combate do mundo.
Bill veio em minha direção serio, sem piscar ou pensar duas vezes, ele esticou as mãos para me pegar, num simples gesto. Sorri para ele e dei um salto pra trás para me esquivar dele. Bill me olhou nos olhos me fazendo tremer internamente com a intensidade de seu olhar, ele percebeu que eu não iria me render tão facilmente. Mais uma vez ele tentou me alcançar, mas fui rápida o bastante para perceber o que ele ia fazer e me agachei para me esquivar. Como sou mais baixa que ele consegui faze-lo facilmente.
– Chega de brincadeira. – foi o que ele disse ao vir com uma conduta de lutador profissional pra cima de mim, tentei me esquivar, mas ele foi mais rápido me segurando pelo braço direito. Tentei me libertar, mas ele era bem mais forte que eu. Uma fúria me dominou me fazendo esquecer todos os golpes de luta que eu havia aprendido em anos, como uma criança comecei a tentar me soltar, mas Bill prendeu minhas duas mãos para trás e deu um pequeno golpe em meus joelhos, me fazendo cair no chão.
– Bill. – ouvi a voz assustada de minha mãe e percebi que ele iria fazer mais alguma coisa, olhei em sua direção e ela deu um passo a frente com olhos assustados. Então senti uma mão forte apertar um músculo no meu pescoço cada vez mais, me fazendo gemer de dor.
– Chega, Bill. – ouvi uma voz feminina dizer não muito distante, meus olhos reviraram enquanto senti algo sendo colocado em meus pulsos, alguém estava me algemando.
Senti uma forte vertigem tomar conta de mim, e por mais que eu lutasse contra isso, sabia que iria desmaiar. A última coisa que vi antes de fechar os olhos, foi o corpo de uma mulher com uma calça e jaqueta de couro preto passar de costas para mim, com grandes cabelos vermelhos. Quem era aquela mulher? Foi a última coisa que pensei antes de apagar completamente.