Capítulo 10
Nós somos de qualquer forma, um fim e um início
E pela primeira vez, ficamos juntos
Inimigos são amigos que mentem nos meus braços
(Sonnensystem – Tokio Hotel)
Nós somos de qualquer forma, um fim e um início
E pela primeira vez, ficamos juntos
Inimigos são amigos que mentem nos meus braços
(Sonnensystem – Tokio Hotel)
26 de Agosto de 2109
Sem saber o que fazer
12h45min PM
Eu ainda estou na enfermaria sob observação, não que ainda tenha algum problema comigo, na verdade acho que Natalie está coletando informações sobre mim para passar para o resto dos Dogs Unleashed. Também não tenho nada a reclamar quanto ficar lá, afinal sou muito bem tratada. Outra coisa legal é que posso sair livremente por aí, ninguém parece mais dar a mínima se eu fugir ou não e não faço ideia do por que.
Só sei que não quero fugir ainda. Tenho muito a descobrir e acho que posso usar as informações que eu encontrar contra eles. Além do mais, preciso realmente saber se meu pai é tudo aquilo que Bill falou ou se estava apenas inventando. Acho que o principal objetivo deles é me usar contra meu pai ou quem sabe, descobrir meu ponto fraco de Humanoid. Por isso preciso continuar aqui.
Confesso que quando o tédio bate, saio da enfermaria e vou de novo para o saguão para ver Bill treinando seus pupilos. Ele sabe um bocado sobre luta corporal e acho que posso aprender um pouco sobre isso, afinal tem toda uma estratégia, não é só socar e chutar para ver no que dá. Claro que todos ficam me olhando apreensivos, esperando que eu pule de novo e tente matá-lo, coisa que seria muito bem vinda, mas que está fora de cogitação.
– Não acredito que está mais calma – Georg disse, se apoiando na grade, ao meu lado – Quando disseram que estava andando livremente por aí, pensei que era encrenca.
– Desde que seu amiguinho me abandonou, estou me comportando bem melhor. Ele que é encrenca.
– E pelo visto, você não consegue abandoná-lo – ele disse, rindo de mim. O que há com essa gente? Eles adoram zoar os outros ou também são torturadores ambulantes?
– Isso se chama estratégia, meu chapa. Preciso descobrir o ponto fraco dele para a próxima vez. Ainda está bem vivo na minha mente a dica que ele deu: descubra sobre seu inimigo.
– E por que está me contando isso? Não era para ser segredo?
– Não, todo mundo sabe que eu quero dar uma surra dele, aquela não foi à última – eu disse dando de ombros, enquanto observava Bill derrubando um dos seus pupilos de costa no chão.
Sério, ele devia ter sido um dos melhores militares na guerra, principalmente por ter sobrevivido. Acho que estava começando a compreendê-lo, principalmente o modo que ele lidava com tudo. Ele não vacilava nem hesitava, nem quando se tratava de um pupilo fraco e temeroso, Bill realmente partia para cima do coitado. Mesmo assim, acho que se ele pudesse escolher, nunca teria participado da guerra, talvez hoje, ele não fosse um psicopata torturador e cruel. Talvez ele fosse normal.
Bill se virou e olhou para cima, me fitando, como se realmente fosse capaz de ler meus pensamentos. Lancei um olhar de profundo tédio para ele, fingindo que aquelas suas demonstrações eram as coisas mais chatas que já vi na vida.
– Ei, Georg! – ele exclamou, acenando para o amigo – Porque não desse aqui e demonstra sua forma de ataque para eles?
– É para já! – Georg deu um tapinha em minhas costas que quase deslocou minha clavícula e foi em direção a escada que levava para o andar debaixo.
– Você também pode vir – Bill falou comigo. Ele falou comigo! Você tem ideia disso? Nada de xingos, nada de choques-elétricos! Será que eu bati muito feio na cabeça dele? Não o reconheço mais.
Eu meio que entrei em pane. Não sabia se ficava ali na grade e o ignorava, ou seguia Georg até o andar debaixo. Eu devia me socializar, não devia? Conseguir o máximo de informações e depois dar um chute na bunda daquele idiota? Decidi que descer seria uma ótima oportunidade, vai que eu fazia amizade com algum pupilo boboca que abriria a boca e me contaria tudo? Pelo visto, olhando a cara de pânico dos pupilos, nenhum iria querer ser meu amigo.
– O que você quer? – eu perguntei no meu tom de voz normal, aquele agressivo de sempre.
– Você poderia lutar com o Georg? – Bill perguntou fazendo tanto Georg quanto eu ficarmos surpresos. Uma coisa era lutar com o Bill e saber lidar com sua magreza não tão dotadas de músculos. Outra coisa era lutar com Georg que tinha músculos o suficiente para esmagar minha cabeça.
– Acha que sou sua empregada para ficar seguindo suas ordens? – eu retruquei de volta, esperando que algum pupilo risse dele, mas ninguém se atreveu a rir, droga.
– Não estou mandando, estou pedindo.
Eu já ia retrucar de volta, porque havia entendido o contrário. Ele estava pedindo? Claro que ele falou “Você poderia” e não “Você vai”, mas... droga. Não sabia o que dizer de novo, preferiria que ele me xingasse do que fosse gentil, as resposta viriam mais rápido.
– Georg vai acabar comigo – eu disse por fim.
– É apenas um treino – Bill disse com certa impaciência. Problema dele, ele que lute com Georg, aposto que meu novo amigo acaba com esse idiota.
– E meu orgulho fica aonde?
– Tudo bem, eu luto com Georg já que está com medo – ele retrucou, me empurrando para longe de Georg como se eu fosse atrapalhar a luta deles.
– Não tenho medo! – eu disse o empurrando de volta – Só acho que estou em desvantagem, mas eu luto com ele.
Tudo bem, eu sei que estou fazendo a maior besteira de todas. Georg pode ser mais baixo que Bill, mas olha todos aqueles músculos ameaçadores. Ainda tenho esperança que ele não pegue pesado comigo, parece ser um cara legal, daqueles que não batem em garotas mesmo elas sendo humanóides.
Fui um pouco longe dele, me colocando em defesa, enquanto Bill saía de perto, para observar. Georg veio com tudo para cima de mim, tentando dar um soco com suas mãos pesadas enquanto eu tentava me desviar. Eu devia ter deixado Bill lutar com ele, assim poderia ter observado e aprendido mais do que provar a força e as estratégias dele.
Finalmente um dos punhos de Georg atingiu o meu ombro e eu caí. O impacto não fora tão forte quanto eu previra, acho que ele estava realmente segurando sua força para não me machucar. Pus-me de joelhos e pulei em direção as pernas dele, o derrubando facilmente. Ele tentou se soltar, me chutando, por mais que os chutes fossem fortes, eu não o soltei até conseguir o virar de costas. Quando pensei que conseguiria segurar os braços dele e o prender, ele se virou e me empurrou para longe.
Era impressão ou era muito mais fácil lutar com Georg do que com Bill? Ou eu realmente estava aprendendo estratégias de luta corporal sem perceber? Nós dois já estávamos de pé, nossas respirações ofegantes tentando não denunciar isso um ao outro. Avancei para cima de Georg com toda minha força, ele me segurou tentando conter o impacto.
Continuei fazendo pressão, tentando empurrá-lo com meus punhos, enquanto suas mãos os seguravam. Não hesitei em nenhum segundo, pensei que iríamos ficar assim para sempre, mas os pés deles começaram a ir para trás e ele vacilou. Essa era a minha deixa empurrei-o para trás e ele caiu de costas, estatelado e totalmente confuso. Pensei em segurá-lo, mas percebi que nem sequer tentou levantar.
– Ganhei! – eu exclamei feliz – Ganhei! Você não consegue levantar! Georg, você só tem porte de fortão! Ou você pegou leve comigo?
– Peguei leve com você – ele disse finalmente tentando se levantar e rindo – Não sou igual ao Bill que realmente gosta de quebrar uma pessoa ao meio.
– Melhor do que ser nocauteado por uma garotinha – Bill disse, se encaminhando até o amigo e o ajudando a se levantar.
– Você vai ver a garotinha, quando eu te nocautear também – eu retruquei, dando um soco de leve no ombro de Bill e indo até Georg – Foi uma ótima luta, amigão!
O mais legal de tudo é que ninguém mais parecia estar tão apreensivo, até os pupilos estavam rindo e pareciam estar dispostos a fazer amizade comigo para que eu consiga informações com eles. Tudo saindo como planejado, principalmente se eu conseguir enganar Georg, mais um aliado! Bill está fora de cogitação, quanto mais longe eu ficar dessa aberração, melhor para mim.
– Amigão? – Georg perguntou, enquanto eu o empurrava para as escadas – Pensei que fossemos inimigos... você está tentando irritar o Bill?
– Não, claro que não – eu disse ultrajada – Ele sabe que nunca vai ter amigos de verdade, que existe uma barreira negativa em volta dele que é capaz de arrastar todos para o inferno junto com aquela alma impiedosa. Eu só estou tentando me socializar, afinal se eu tenho que ficar aqui, que seja sem choques-elétricos e solitárias.
– Mas a técnica do Bill funcionou, você não está se comportando mal...
– É que não era você na minha pele, meu chapa. Seu colega é um psicopata e nada vai mudar isso, não importando o quão cruel foi o passado dele. Se eu fosse você, levava ele em um psicólogo.
– Tudo bem, tudo bem – ele disse revirando os olhos – Só quero dizer uma coisa, eu não peguei leve com você na luta, você realmente me venceu com sua força.
– O que? – eu exclamei parando e ficando petrificada – Como assim? Olha o tamanho dos seus punhos, olha o seu tamanho! Aquilo não pode ter sido sua força total!
– Não era minha força total, mas eu não peguei leve. Você é uma Humanoid, tem força maior que de um ser humano, mesmo que só 60% do seu corpo seja robótico. Fiquei impressionado quando percebi que nada do que eu fizesse teria efeito em você, meus socos eram em vão.
– Sério, não precisa massagear meu ego – eu disse achando um absurdo o que ele estava falando, aquilo era impossível – Eu entendo que você pegou leve comigo.
– Eu não peguei – Georg respondeu, dando de ombros e indo embora pelo saguão – Acredite se quiser.
Tudo bem, talvez Georg tivesse bastante massa muscular, mas não tinha tanta agilidade como Bill nem tanta experiência com luta corporal. Além disso, Bill sempre conseguia acertar meus pontos fracos como meu estômago ou meu braço humano, quanto Georg só atingiu minhas partes mais fortes. Por isso que ele perdeu, isso é lógico, mas eu realmente esperava que eu fosse apanhar e olha que eu nem queria bater de verdade no coitado.
Aviso: Está fanfic não me pertence, mas tenho a autorização da autora (Dasty Sama) para postá-la no Tokio Hotel Fanfictions.