Capitulo 40 - Último Capitulo
Naquela semana os pais de Bill apareceram na nossa casa de surpresa, Simone e Gordon, aparentemente gostaram de mim, mas sem dúvida deram mais atenção ao bebê, Simone emocionada chegou a chorar ao sentir sua neta mexendo, se desculpara por não ter vindo mais vezes e prometeu que assim que os compromissos profissionais de seu marido tivessem uma pausa passaria uns tempos na nossa casa, para me ajudar com o bebê.
Eles foram muito simpáticos comigo, acabando com o medo que eu tinha de que eles não aprovassem o nosso relacionamento, ou me criticassem. Mas para minha felicidade tudo correu na mais perfeita harmonia.
Bill ficou muito triste por eles não terem ficado para assistir a final do concurso, porém Gordon teria uma reunião de negócios no dia seguinte.
Mesmo sem a presença de seus pais, Bill confiante foi com antecedência ao local que seria realizado e evento, eu iria depois no horário em que a casa de show seria aberta ao público.
Apesar de todo o nervosismo habitual da banda, tudo ocorreu bem. Foram um verdadeiro sucesso, Bill emocionou à todos no local, inclusive à mim, com a forma como cantava e se movimentava. Ele de fato tinha uma presença de palco incrível.
Todos da banda se saíram muito bem, mostrando seus talentos individuais, fazendo com que a banda fosse a melhor da noite. Antes mesmo que todas as bandas se apresentassem, a maioria já sabia que ali estavam os vencedores.
Em uma área v.i.p um homem de terno e gravata era rodeado por pessoas que descaradamente procuravam o agradar, mas ele mantinha seu olhar fixo na apresentação dos Tokio Hotel, sua expressão permanecia a mesma, não dando para perceber o que ele realmente pensava ou sentia. Esse homem era David Jost, estava nas mãos dele o futuro da banda, e consequentemente da minha vida.
Passei dias pensando em qual seria a melhor forma de revelar o meu segredo, porém cheguei a conclusão de que iria apenas abrir meu coração, dizer tudo o que sentia e pensava, sem frases feitas.
Não havia contado a ninguém sobre a minha decisão, nem mesmo a Giselle, que era a única que sabia de tudo. Sabia que ela seria contra isso, diria que era para eu continuar com aquela mentira, já que havia chegado até ali. Como não queria ser influenciada por ela, e acabar desistindo de contar a verdade, preferi não me abrir com ninguém.
Ao término de todas as apresentações, a plateia gritava pelo nome dos Tokio Hotel, deixando claro de qual banda eles haviam gostado mais.
O próprio David Jost foi então ao palco anunciar sua escolha, depois de vários elogios ressaltando o talento evidente da banda, e o pequeno suspense de costume, ele anunciou que a banda vencedora era a Tokio Hotel.
Bill e Tom se abraçaram, comemorando muito, junto com os demais integrantes da banda.
Bill assim como eu, parecia não acreditar no que estava acontecendo, seu sonho seria realizado. Eles assinariam um contrato com uma gravadora muito importante, e teriam uma maior chance de alcançarem a fama e o sucesso tão esperado.
Não houve tempo para que eu pudesse os parabenizar pois assim que o anúncio foi feito, eles foram levados à uma sala, para uma provável reunião com David Jost.
Fiquei durante algum tempo esperando que a reunião acabasse, porém ela demorava mais do que eu aguentava suportar, meu nervosismo aumentava a cada minuto que se passava.
Já cansada de esperar, me sentei perto do bar que havia no local, porém não pedi nada, apenas tentava visualizar Bill.
Minutos depois o vejo vindo em minha direção, com os olhos brilhando de tanta felicidade.
- Te procurei por todas as partes! – disse ele me dando um beijo.
- Estava te esperando! Você demorou....
- A reunião acabou faz algum tempo, só que eu não te achava!
- Estou aqui! Mas enfim ... meus parabéns!!! – disse lhe abraçando.
- Nós arrasamos não é mesmo?
- Deram um show, literalmente!
- Ai estou muito feliz!
- Eu também, mas amor.... cadê o Tom?
- Tom? Ele já deve ter ido embora, o vi com uma garota. E quando é assim, você já sabe no que dá, né. Mas, porquê?
- Eu preciso falar com vocês algo muito importante.
- Sobre o que?
- Eu só posso falar com os dois juntos.
- Camila você está me preocupando....
- Vem vamos lá fora, talvez ele ainda não tenha ido embora
Então segurando na mão de Bill, fui saindo do local, o puxando comigo. Bill perguntava sobre o que eu queria falar, mas eu nada dizia.
Caminhamos até o final da rua, era uma noite escura e fria, ao passar por um beco formado pelo vão de dois altos prédios, pudemos ouvir a voz de Tom, que aparentemente brigava com alguém.
- Fica aqui, eu vou ver o que está acontecendo. – me disse Bill.
Ele então entrou no beco, que era iluminado pela bela lua cheia daquela noite.
Olhando melhor pude ver que Tom discutia com um homem alto e forte, de cabelos compridos. O homem parecia estar um pouco bêbado, e nervoso, gritava com Tom. Eu sabia que o conhecia de algum lugar,mas não lembrava de onde.
Então resolvi me aproximar mais, para ver se realmente o conhecia e assim talvez apaziguar a situação.
Chegando perto dos três, percebi que o tal homem era Georg, ex-namorado da Giselle, que havia quase sido preso há meses atrás. Ele não me reconheceu, já que havíamos nos visto raras vezes, então continuou a sua discussão calorosa com Tom.
Georg imprensando Tom contra a parede, o segurava pela sua camisa, gritando:
- Qual é meu irmão, o que você tá pensando?!
- Calma ai cara, vamos resolver essa parada direito. – dizia Tom.
- Se acalmem, vamos tentar conversar. – dizia Bill.
- Não se mete aqui não! A parada é entre mim e esse filha da puta!
Eu não dizia nada, assustada, apenas segurava na mão de Bill e ficava parada ao lado de Tom.
- Você mexeu com a mulher errada, cara! Aquela lá tem dono.
- Eu não sabia! Ela que veio me dando mole!
- Você tá louco? Chamando minha mulher de vadia!
- Não foi isso que eu quis dizer cara! Ela estava lá sozinha....
- Vocês são amantes? Vocês estão me fazendo de otário não é mesmo?
- Cara eu nunca tinha visto sua mulher antes...
- Mas eu vi muito bem você agarrando a minha mina, e isso não vai ficar assim! Eu não aceito ser corno, não....
- Cara eu já disse...
- Cala a boca! Eu não quero saber!
- Meu amigo, tente se acalmar... – dizia Bill.
- Cala boca, senão vai acabar sobrando pra você!
Foi então quando uma mulher se aproxima, provavelmente a responsável por toda aquela confusão.
- Georg, larga o cara! Ele não tem nada a ver com os nossos problemas!
- Você já está defendendo ele? Você é uma piranha mesmo! Bem que merece levar umas porradas!
- Você não vai me bater de novo! – gritava ela.
Ele então soltando Tom, e se virando para a mulher disse:
- Sua vagabunda, já tava pensando em botar um chifre em mim! Há quanto tempo você dorme com esse daí?
- Me respeite...
- Vai se foder, sua vadia! Você não presta!
- Quem não presta aqui é você!Não presta pra nada!
- Eu não presto? Então você vai ver como eu presto....
Todos assustados apenas olham para Georg, Camila permanece parada entre Bill e Tom.
A mulher um pouco mais distante continua a xingar o namorado, que furioso saca um revólver.
- Abaixa isso cara ...- diz Tom.
- Você vai ver quem não presta, Susana... – disse Georg se afastando dos três jovens e indo de costas, ainda com arma em punho rumo a saída do beco.
De repente ouve-se um disparo,
Georg e Susana saem correndo do local...
- Bill... - diz Camila com voz embargada.
- Não!!!!!!!!! – grita Bill entrando em desespero.
Camila deslizando sobre a parede fria, lentamente cai no chão.
Bill se ajoelha,procurando pelo ferimento.
Tom com lágrimas nos olhos leva as mãos à cabeça.
- Camila meu amor, por favor, fala comigo...
Camila deitada no chão sangra abundantemente, com a bala alojada em seu peito, começa a agonizar, sua voz cada vez mais fraca, seus batimentos e pulsação cada vez mais lentos, Com muita dificuldade tenta falar:
- Bill me perdoa.
Mas Bill não a ouve, desesperado grita com Tom.
- Vai pedir ajuda! Faz alguma coisa!
- Eu to chamando uma ambulância!!!
- Pega o carro de alguém!
- A gente não pode mexer nela! A bala está alojada vai ser pior!
Bill então novamente se debruça sobre Camila, se sujando de sangue.
- Bill....
- Fica quietinha amor já estão vindo te ajudar, fica quietinha....
Porém no trânsito caótico da cidade, motoristas mal educados mesmo vendo e ouvindo a sirene de uma ambulância, demonstrando total falta de respeito e amor ao próximo, não dão passagem a mesma, fazendo com que assim o socorro demorasse mais ainda para chegar.
Ali naquele beco frio e escuro, Camila reunindo todas as suas forças, sussurra pausadamente:
- Bill me perdoa, promete que me perdoa...
- Não meu amor, não fale assim, vai dar tudo certo – dizia Bill aos prantos.
- Promete Bill...
Mesmo sem entender o porquê do pedido de perdão de Camila, Bill concorda..
- Sim meu amor eu te perdoo.
- Bill.... eu te amo.
- Camila....
- ... e sempre vou te amar...
- Camila!!!!!!!!!!
Camila cai inconsciente nos braços de Bill, que sentindo uma dor muito forte no peito grita, grita a plenos pulmões, mas não por seu corpo estar ferido, e sim por sua alma estar ferida.
- Camila, não me deixa!!!!!! Camila acorda!!! Camila!!!!!
Ele então se abraça em Camila, encostando seu ouvido em seu peito para poder ouvir os batimentos do coração de sua amada.
Porém ele nada ouve. Em um choro compulsivo clama pela ajuda de Tom.
- Tom tenta achar o pulso dela, tenta! Ela deve ter desmaiado!
Tom apressadamente se joga no chão e encosta seus dedos no pulso de Camila, nada sente;
- Deve estar muito fraco, ou então....
- Ela não morreu!!!! Ela não pode morrer! Ela não pode me deixar sozinho, ela jurou! Ela jurou que ficaria comigo pra sempre.
Então segurando o rosto da garota Bill suavemente beija seus lábios, enquanto lágrimas caem de seus olhos molhando o rosto da menina...
- Meu amor, fala comigo, acorda... eu não vou conseguir sem você... abre os olhos.....
Então uma sirene alta se aproxima, fazendo com que Tom corresse para fora do beco, agitando os braços.
A equipe do pronto socorro, fazem os primeiros socorros, na tentativa de conter ao sangramento, e a põe em uma maca a levando para ambulância.
- Ela vai ficar bem ??? – pergunta Bill desesperado.
- Vamos fazer o possível.
Bill e Tom então entram na ambulância para acompanhar Camila até o hospital.
Dentro da mesma os socorristas administram medicamentos na veia de Camila, ao mesmo tempo em que a submetem a uma máscara de oxigenação. Bill olhando à tudo assustado, lembra do dia em que conheceu Camila, sentada naquela calçada, dos passeios que faziam, das juras de amor, dos momentos divertidos que passaram juntos, lembrava das noites em que se amaram, do beijo suave de Camila, do gosto doce de seus lábios, da forma como ela o olhava pensativa como sempre.
Assim que chegam ao hospital, enfermeiras ao verem a situação da moça que acaba de entrar gritam para que preparem a sala de cirurgia
Os socorristas então passam a maca para duas enfermeiras que rapidamente adentram no hospital . Bill tenta seguir as enfermeiras mas é impedido por um dos socorristas.
- É a minha esposa! – ele grita tentando se desvencilhar.
- Eu sei rapaz, mas você tem que ficar aqui. Procure se acalmar.
Bill e Tom sentam nas cadeiras localizadas na emergência do hospital, enquanto Bill compulsivamente chora. Todos tocados com seu desespero o observam, alguns chegam também a chorar diante de seu emoção.
Uma enfermeira então se aproxima, pedindo que os a acompanha-se.
Ela pediu informações pessoais de Camila, perguntou o que eles eram dela, se a conheciam.
Foi quando Bill se lembrou de avisar os pais de Camila, mas ele não conseguia, suas mãos tremiam com tal intensidade que o impedia de segurar o celular, então pediu para que a enfermeira o fizesse.
Minutos depois, Paulo e Lúcia desorientados entram na sala de espera junto de Giselle que no momento em que foram avisados estava na casa deles, ao verem Bill perguntam o que de fato tinha acontecido, mas ele não conseguia explicar, apenas chorava.
Tom então, também em meio a lágrimas, contou apenas que Camila havia sido baleada.
Algumas horas depois, um médico com expressão séria entra pela porta. Todo ao mesmo tempo se levantam e assustados o olham.
Então o médico depois de apresentar a si mesmo se pronuncia.
- Deu entrada às 21:45 horas no centro cirúrgico a paciente Camila Fernandes Kaulitz , vitima de ferimento causado por arma de fogo, tendo um projétil da mesma alojado em seu tórax. Nossa equipe fez o possível para reverter a hemorragia sofrida, porém infelizmente a paciente acabou apresentando um choque hipovolêmico devido a grande quantidade de perda de sangue, lhe causando uma morte cerebral.
Bill sente suas pernas ficarem moles e cai no chão antes que Tom pudesse o ampara-lo, inconsolável ele murmura...
- Não, não... ela não morreu... eu sinto ela aqui dentro de mim,,, ela não morreu.. não pode ser.
Paulo aos prantos tenta consolar Lúcia que grita de dor e sofrimento.
O médico prossegue:
- Camila grávida de sete meses, foi submetida a uma cesariana, porém o bebê , prematuro, nasceu com problemas respiratórios e foi encaminhado a UTI- neo-natal.
No entanto, ele possui sérios problemas em sua saúde, e é necessário que seja feita uma transfusão de sangue, o mais rápido possível. Pedimos que a família, indique um doador que contenha um sangue totalmente compatível. Sugerimos que seja o pai da criança.
Bill então diz:
- Eu sou o pai, eu vou.
Então Giselle se lembrando de tudo que sabia, interviu.
- Tom também deve doar, afinal vocês são gêmeos. Aliás, todos aqui presentes vão doar seu sangue, não é mesmo?
Todos confirmaram com cabeça.
O médico deu os pêsames, e os encaminhou para ao quarto onde Camila estava.
Primeiro entraram apenas os pais, porém Lúcia ao ver a filha naquele estado sofreu uma queda de pressão e desmaiada, junto com seu marido foi retirada do quarto.
Então Bill entrou.
Caminhou lentamente em direção a cama, parecendo não acreditar no que seus olhos viam. Camila parecia estar dormindo, um sono tranqüilo, suave....
Bill então se aproximando da cama e com lágrimas lentamente caindo de seu rosto disse:
- E agora o que vai ser da minha vida sem você? E agora o que é que faço? Por que não eu ao invez de você? Por quê?
Talvez em outra vida, eu possa te reencontrar, por que você foi tirada de mim tão cedo?
A confiança e o amor que eu tanto procurava eu encontrei em você, Camila. Mas agora estou sozinho.
Bill então se debruçou sobre a cama de hospital,e abraçado ao corpo de Camila, chorava, alisando seus cabelos e seu rosto.
Ficou ali abraçado com Camila, como se esta ao invez de morta estivesse apenas dormindo. Poderia ficar ali, dias, anos, junto de sua amada, pensava que seu amor incondicional pudesse trazer Camila de volta a vida. Mais isso não aconteceria, ele sabia disso, e era o que mais doía.
Bill permaneceu ali, abraçado com Camila, não podia acreditar no que havia acontecido, ele a olhava incrédulo, como se esperando que em algum momento ela se levantasse e dissesse que o amava, ou então dar aquele sorrindo lindo como das vezes em que ele dizia uma besteira.
Enquanto recordações vinham a sua mente, alguém bate na porta, entrando em seguida;
- Desculpe pelo incômodo, mas o médico o aguarda para a doação de sangue.
- Eu já estou indo.
A enfermeira então fecha porta, deixando Bill novamente sozinho com Camila.
- Eu sei que tenho que ser forte, te prometo que vou tentar. Por você e pela nossa filha, eu juro que vou tentar. Como eu queria te ouvir dizendo “Vai dar tudo certo, amor”, como eu queria. Por favor, olhe por nossa filha, por favor... eu não vou aguentar perder vocês duas... por favor a proteja, meu amor...
Bill se despede de Camila, dando-lhe um beijo em sua mão. Então volta para a sala de espera, a mãe de Camila havia sido internada após ter entrado em estado de choque, na sala aguardavam apenas Tom e Giselle, que consolavam um ao outro.
- Eu vou doar sangue vocês não vem? – perguntou Bill.
- Todos nós já doamos, só falta você. – disse Giselle.
A enfermeira havia ido anteriormente pedir que Bill doasse seu sangue, porém foi impedida por Giselle que pediu que deixasse Bill um pouco mais tempo com Camila, e se abriu com a enfermeira, pediu sigilo médico sobre tudo o que estava lhe contando.
A enfermeira então atendeu ao seu pedido, e fez a coleta de sangue das outras pessoas presentes, para que logo em seguida chamasse Bill.
Giselle e Tom continuaram na sala de espera lamentando pelo ocorrido.
De repente Giselle se levanta indo em direção ao médico que havia dado a trágica noticia.
- Com licença, eu posso fazer uma pergunta ao doutor?
- Claro, pode fazer.
- Não tem possibilidade de a Camila acordar?
- Bom... hmm
- Giselle, desculpe não me apresentei.
- Giselle, muitas pessoas confundem coma com morte cerebral Os pacientes em coma mantêm algum nível de sinal cerebral que pode ser detectado em uma eletroencefalograma e pode variar muito de intensidade de acordo com o caso, porém ainda tem chances de se recuperar ainda que o quadro possa evoluir para morte cerebral. Já o paciente com morte cerebral não apresenta sinal algum e o quadro é irreversível.
- Obrigada. – disse Giselle, com tom de decepção.
- Sinto muito.
- Mas doutor.... e o bebê?
- Os testes de compatibilidade foram feitos, e encontramos um sangue compatível com o dele.
- De quem?
- Não podemos revelar isso, trata-se de ética profissional. Porém as outras doações ficarão disponíveis para que outras pessoas possam utilizar.
- Okay.
Enquanto isso na UTI neo-natal do hospital, Bill carinhosamente observava sua filha, através da incubadora. Era muito pequena, parecia tão frágil ali em meio a tantos aparelhos ligados a ela. Isso assustava Bill, sentia-se impotente por nada poder fazer diante daquela situação. No momento o que ele mais desejava era ter meios de salvar sua filha, mas sabia que agora isso já dependia apenas dela. Ela teria que ser forte o suficiente para lutar pela sua própria vida.
Bill gostaria de poder toca-la, a abraçar e dizer que seu pai estava ali ao seu lado,que iria a proteger, mas isso não era possível.
Mesmo com tanta dor e sofrimento, atitudes legais precisavam ser tomadas, como a permissão da doação dos órgãos de Camila, e o registro de sua filha.
Após concordar que um pouco da Camila permanecesse vivo em outras pessoas, Bill se dirigiu ao cartório localizado dentro do hospital.
Já era dia, o sol brilhava, Bill havia passado toda a madrugada e a manhã acordado, vagando pelo hospital, assim que o cartório foi aberto Bill foi registrar sua filha.
- Qual o nome da criança?
- Gerthe Fernades Kaulitz.
- Gerthe? É estrangeiro?
- Sim, Alemão.
- Nossa, o que significa?
- A vitoriosa.
Os últimos dias têm sido muito difíceis para mim, ainda sinto Camila ao meu lado, às vezes penso ter ouvido sua voz, ainda posso sentir seu cheiro, sua presença.
Lembro-me com total clareza do dia do enterro de Camila, todos muito comovidos choravam diante de seu caixão, porém nenhuma dor parece ser maior que a minha, a que eu ainda sinto.
Nesse último mês os meus dias têm sido iguais, de manhã eu vou à lápide de Camila,e levo as flores brancas das quais ela tanto gostava, oro por sua alma e digo a ela o quanto a nossa é filha e linda e forte, que tem uma vontade enorme de viver, a cada dia que passa surpreende mais os médicos com sua força de vontade, na luta pela vida.
Depois que visito Camila, passo o dia no hospital, zelando por nossa filha.
Os médicos aconselham que eu saia um pouco do hospital, que tente levar a vida.
Porém eu não consigo pensar em outra coisa que não seja Camila. Ao olhar para o céu e ver uma estrela, eu lembro do brilho de seu olhar, e percebo que nunca mais o verei novamente, eu ando pelas ruas, mas sei que ela não está ao meu lado, e nunca mais estará.
Mesmo com o Sol que brilha lá fora, para mim os dias passam frios, e solitários. Nada é como antes, e não mais será.
Por vezes Tom e Giselle, vão até a minha casa, eles se preocupam, comigo, mas a vida deles continuou, porém a minha acabou no dia em que Camila morreu, no dia em que eu soube que nunca mais a veria, que nunca mais a teria em meus braços.
Em outro canto da cidade outra pessoa ainda sofre pela morte de Camila, porém sua preocupação é diferente. Giselle guardava um segredo que envolvia a vida de muitas pessoas, um segredo que ela não sabia se deveria ou não ser revelado.
Porém ela havia visto o sofrimento de Tom, pensava erroneamente que ele ainda amava Camila, então seria injusto esconder tal fato dele. Porém sabia que quem mais sofreria com a história seria Bill, e além do mais foram raras as vezes em que ela havia visto Tom e nessas poucas vezes haviam trocado poucas palavras, então decidiu que o melhor seria contar tudo primeiro ao Bill.
Antes disso precisava saber se Bill já estava preparado pra receber tal noticia, angustiada foi até sua casa.
- Está melhor?
- Na medida do possível, sim... Gerthe está se recuperando, isso é o que me faz acordar todos os dias.
- Eu oro muito por ela, e por você também.
- Obrigado, mas eu sei que a Camila esta olhando por nós dois.
- Você sabe o quanto a Camila te amava, não sabe?
- Sei, não tenho duvidas quanto a isso.
- Mas Bill você precisa se alimentar, precisa dormir! Tem que estar forte pra encarar tudo isso.
- Sempre que eu durmo, acabo acordando com o mesmo pesadelo, lembro da imagem de Camila, ferida nos meus braços e eu sem poder fazer nada para ajudá-la. Lembro das suas últimas palavras...
- Bill.., – interrompeu Giselle tentando fazer com que ele não começasse a se lembrar daquele dia tão triste.
- Giselle, nós só fomos para aquele lugar porque ela queria me contar uma coisa..
- Ela não te disse o que era?
- Não ela disse que tinha que ser comigo e com o Tom juntos... não sei o que era, e nunca vou saber.
- Bill, eu sei o que a Camila iria contar. – disse Giselle, receosa.
- Então me diz, conta logo!
- Eu não sei como te dizer isso...
- Conta logo Giselle.
- Bill o Tom é o pai da Gerthe, não você.
- O quê????
- Por favor, entenda a Camila, ela precisou esconder tudo isso..
- Sai da minha casa! Pare de me contar mentiras!
- Não é mentira! Camila tinha medo que um dia você descobrisse! Ela iria te contar, mas acabou se apaixonando por você e ficou com medo de te perder!
- Não é possível... não pode ser... – dizia Bill atordoado.
- Pensa bem... porque você acha que ela nunca te levou para as consultas importantes, estava sempre inventando desculpas, você não lembra? O médico falou que ela estava grávida de 7 meses, 7 meses! Ou seja, antes de vocês se conhecerem...
Bill começou a perceber que o que Giselle dizia fazia sentido, lembrou-se do pedido de perdão de Camila, então perguntou:
- Quem mais sabe disso?
- Só eu, e agora você.
- Por favor, mantenha isso em segredo.
- Mas e Tom?
- Você já não ficou calada por todo esse tempo? O que custa ficar um pouco mais?
Giselle então sai pela porta, sentia-se mais aliviada por saber que Camila já pretendia contar a verdade aos irmãos, a livrando da culpa de ter traído a amiga.
Assim que fechou a porta, Bill atirou-se sobre a cama e chorou compulsivamente.
Por que Camila, porque você não me contou a verdade? Por que me enganou esse tempo todo, por que meu amor? Por que você não confiou em mim?
Bill então tentou se por no lugar de Camila, lembrou de o quanto lhe era importante ter o respeito dos pais, de não decepciona-los.
Pensou que talvez o melhor fosse contar a todos sobre a verdadeira paternidade da criança. Mas será isso o que verdadeiramente Camila queria? Ele sabia que não, mesmo com a morte da filha, os pais de Camila, talvez não a compreendessem.
E Tom seria um bom pai? Não tanto quanto ele, disso ele tinha certeza.
Tom não aceitaria aquela criança de livre e espontânea vontade, e sim porque seria obrigado.
Desesperado foi ao cemitério onde Camila estava enterrada. Levando as flores de sempre sentou-se próximo a sua lápide.
- A Giselle me contou tudo, eu já sei que não sou o pai da Gerthe.
Sabe amor no inicio eu fiquei com raiva, mas eu não consigo sentir raiva de você. Não consigo, o meu amor é maior do que tudo.
Porque você não me contou a verdade desde o começo? Talvez eu entendesse.
Agora eu não sei o que fazer, não sei se mantenho o seu segredo.
Mas acho que você gostaria que eu fosse o verdadeiro pai da sua filha, não é mesmo? Caso contrário você teria ficado com o Tom, teria dito a ele que a filha que estava esperando era dele. Mas você não fez isso.
Sempre disse que eu era o pai, então eu vou fazer a sua vontade.
Só tenho medo de que um dia a Gerthe goste mais do Tom do que de mim, ou então não me considere seu pai, não sei...
Beijo amor, saudades...
Bill então se levanta e sai do cemitério, sabia exatamente aonde iria, seu destino era certo, a casa de Tom.
Quando Tom abriu a porta e notou que era seu irmão, ficou surpreso. Desde a morte de Camila, Bill não saia para nenhum lugar além do cemitério e do hospital, isso já o preocupava, Bill estava visivelmente abatido.
- Tom, eu preciso te contar uma coisa logo, antes que eu me arrependa.
- Contar o quê?
- Por mais que eu queira, não sou o pai da Gerthe. É você.
- O quê? – disse Tom, sentando-se no sofá de tamanha surpresa.
- A Camila ficou comigo já grávida de você. Ela teve medo de que você não a aceitasse, e vocês já não estavam mais juntos...
- Mas Bill...
- Eu só te peço uma coisa. Não, eu te imploro uma coisa.
Bill com os olhos marejados, senta-se ao lado do irmão e olhando-o nos lhos diz:
- Por favor, não tire a Gerthe de mim, por favor.... Ela é a única coisa que eu tenho, por favor...
- É tudo muito confuso...
- Por favor, Tom! É a única coisa que te peço, me deixa ser o pai da Gerthe!
Tom então, abaixa sua cabeça, ficando alguns minutos em silêncio. Refletia sobre tudo o que acabara de ouvir. Se lembrou dos momentos com Camila, não conseguia acreditar que aquela menina era filha dele, ele não conseguia a ver como sua filha.
Bill ao notar o silêncio do irmão, entra em desespero e chora descontroladamente, temendo que Tom reivindicasse a guarda da criança.
- Não se preocupe Bill, para todos os efeitos Gerthe é sua filha e da Camila. Eu não me vejo como um pai de 19 anos, não estou preparado, sei que você é o melhor para essa menina.
- Ninguém mais pode saber disso...
- Da minha parte, ninguém saberá.
Bill então abraça forte o irmão, e chorando, é consolado por ele.
E assim meses se passaram, Gerthe após ter sua saúde estabilizada recebeu alta do hospital, e agora mora com seu pai, Bill Kaulitz.
A banda Tokio Hotel, assinou contrato com a gravadora Universal Music, porém nenhum trabalho está sendo feito pois o vocalista e líder da banda, passa por problemas pessoais. Eles aguardam a volta do grupo, só não se sabe, até quando.
Os pais de Camila ainda não superaram a morte da filha, e nunca superarão. A dor é controlada ao verem sua neta, que apesar de ter a fisionomia de Bill, tem os olhos de Camila, olhos que trazem a esperança de que dias melhores virão.
Porém há coisas que nunca mudam, e talvez nunca mudarão....
Mesmo tendo se passado quatro meses após a morte de Camila, eu ainda a visito todos os dias, e conto-lhe sobre o meu dia. Porém exceto Gerthe, os meus dias são todos iguais.
O mundo já não é colorido como era antes, para mim tudo está nublado, como uma tempestade que nunca tem fim.
O lugar que eu antes gostava de frequentar, já não gosto mais, porque sei que um dia estive ali com Camila e agora não estou mais.
A minha música preferida, já não é mais, pois lembro que Camila não pode dançar ou cantá-la comigo.
Meu corpo não necessita mais de alimento ou de descanso, afinal, para que comer ou dormir, se a minha alma está vazia, se o meu coração está sangrando...
A única coisa de que preciso é do amor de Gerthe, sempre que a olho de alguma forma, sinto-me melhor, através de seus olhos eu vejo Camila, mas não é o bastante para aliviar minha saudade.
As horas que passo olhando nossas fotos de casamento, recordando nosso passado, me fazem lembrar de que um dia eu já fui feliz.
Se nada mais importa, a única alternativa que me resta é tentar continuar vivendo. Mas sem a Camila, já não há mais vida...
Fim.
Aviso: Está fanfic não me pertence, mas tenho a autorização da autora (Billa Jumbie) para postá-la no Tokio Hotel Fanfictions.Nota: Esse foi o fim da primeira temporada. Logo mais irei postar a segunda temporada, em outro tópico aqui no Fórum, nessa mesma categoria. =)