Eu estou imensamente feliz com os comentários! Obrigada meninas pelo carinho!
Obrigada Lara Monique Beta Reader por suas ideias... ( )
Eu demoro uma semana para postar porque acho que nem estão gostando. Mas, fico feliz que estejam acompanhando... Farei o meu melhor possivel! AMO VOCÊS...
Capitulo mais cedo essa semana... Trabalho... Beijos. Espero que gostem
Ah... Herika seja bem vinda...
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Capitulo 8
Abra o coração e feche a mente
Bill acordou e sentiu a cama quente demais. Jogou o edredom exageradamente grande para o chão e pulou da cama. Procurou algo pra vestir e só achou plumas, couro e coisas estranhas, pelo menos o que sobrou, já que doou a maioria aos mendigos. Por sorte achou uma camiseta meio transparente e rasgada, que combinou com uma calça jeans pouco maior que ele. Calçou uns tênis brancos e desgastados, bagunçou um pouco o cabelo e saiu para tomar café. Becca estaria lendo o jornal, sentada à mesa, com os pés estirados em outra cadeira, com uma cara de entediada, como sempre. Ele gostava disso. Era tão familiar esse jeito largado dela, era tudo o que ele queria ser e não sabia por quê.
Mas pra sua infelicidade ela não estava lá. Bill voltou para o segundo andar e correu para o quarto dela. Bateu na porta, como ela havia ensinado, mas ninguém disse nada. Então resolveu ir pelo jeito mais fácil e abriu a porta sem permissão. Encontrou a cama arrumada e as portas do armário vazio aberto. Ela tinha ido embora!
Saiu correndo para a garagem e não encontrou a moto dela. Voltou ao seu quarto desesperado, sobre o criado mudo dele, a câmera que ela havia deixado, com um bilhete de despedida. Ela havia ido embora. Sentiu a garganta arder e começou a chorar. Sentia-se completamente perdido sem ela. Becca era sua única referência no mundo, a única pessoa que parecia ser do mesmo planeta que ele. O que fazer? Só podia ser culpa daquele maldito ninho de ratos! Correu até o quarto dele e chutou a porta.
-O que fez com ela? Você brigou com ela? Você a mandou ir embora?
-Ladrão! - O irmão que ainda dormia se assustou e saltou da cama.
-Não Idiota! Sou eu!
-O que aconteceu? Por que me acordou tão cedo? - Tom parecia meio perdido.
-Cedo? São oito horas da manhã. Deus ajuda quem cedo madruga.
-Que horas você se levantou? - Tom o encarou perplexo.
-Seis e meia da manhã.
-Quando os alienígenas levaram meu irmão e te colocaram no lugar, seu clone? - Tom não parava de encarar Bill de uma forma cômica
-Onde está a Becca?
-Becca? - Tom se fez de desentendido
-Sim, Becca!
-Deve estar dormindo. - Tom mentiu, tentando aliviar a situação
-Mentiroso!
-Olha eu não sei, ela quis embora!
-É tudo culpa sua! - Bill franziu o cenho na esperança de intimidá-lo para que contasse a verdade.
-Não podia obrigá-la a ficar aqui!
-Então você sabe onde ela está?
-Lógico que não! - Quando se tratava de Bill, Tom era um péssimo mentiroso.
-Você sabe sim!
-Eu não sei! Ela deve estar a quilômetros de distância daqui agora!
-Não! A Becca não iria embora assim. - Bill afirmou com toda a certeza que não tinha.
-Eu tentei impedir! Mas, ela disse que não podia ficar!
-Ela gosta de mim! Eu sei! Ela me deixou a câmera dela! Eu sei que ela não está longe daqui! - Bill mostrou a câmera que havia encontrado. Tom apenas se perguntava por que ele nutria tanto carinho por alguém que sequer conhecia, e dele, seu irmão, ele sequer se lembrava.
-Entenda... Era o melhor.
-Não venha me dizer o que é melhor, você não sabe do que penso ou do que sinto!
-Eu te conheço melhor do que qualquer um conhece ou vai conhecer! - As palavras saiam quase que sem querer dos lábios de Tom.
-Se me conhece tão bem, então porque não me diz logo onde ela está?
-Já disse que não sei. - Tom sentia o nó na garganta.
-Eu sei que está mentindo. - Bill segurava a câmera com as duas mãos enquanto encarava o irmão.
-Como pode ter tanta certeza?
-Se me conhece tão bem, talvez eu te conheça melhor ainda... - Bill afirmou desta vez com uma certeza que fez parecer para Tom o velho Bill de sempre.
-Não vou te dizer onde ela está...
-Estava certo, você sabe. A escolha é sua. Se não me contar eu vou sair pelas ruas até encontrá-la!
-Não seja burro! Você sequer sabe para onde ir!
-Eu sei falar! - Bill virou as costas. Tom pensou que fosse um blefe, ele estava realmente falando sério.
-Tá bom! Você venceu! Eu te levo até ela! - O que Tom não sabia é que aquilo realmente era um blefe.
Becca chegou à sua quitinete estava escuro. Conservava na sua mente a imagem do que deixou pra trás e isso a incomodava de uma maneira estranha. Por que aquele garoto dormindo, abraçando um ursinho de pelúcia lhe parecia tão ridículo e ao mesmo tempo tão encantador? Ela não costumava acreditar na inocência dos outros, tão pouco na dele, já que não o conhecia antes, mas pelo que percebera aquele acidente parecia tê-lo mudado da água para o vinho... E a culpa era dela. Não sabia se isso era bom ou ruim, mas a culpa era dela.
Depois de uma semana de convivência com aquela chatice toda, resolveu voltar para casa. Sua vida precisava continuar, afinal Bill ficaria bem com o idiota do irmão dele, que foi assustadoramente gentil quando ela disse que precisava ir embora. Até ofereceu uma grana, que Becca não aceitou, claro. Mas ela tinha se divertido com aquele idiota como há muito tempo não se divertia. E depois pensou em como ele estaria na manhã seguinte e nos próximos dias que viriam. Tudo bem. Eles são riquinhos idiotas, Becca...Esqueça!
Jogou-se no estreito sofá da sala, encima de suas roupas sujas e limpas e abriu o notebook... Jogou as fotos do cartão de memória para o computador e resolveu revisá-las. No meio daquela infinidade de fotos, descobriu uma de Bill, fazendo careta, com uma expressão totalmente infantil, numa cara de trinta anos! Era estranho, mas ela não conseguiu não rir. O dia na praia, a doação de roupas, o passeio de carro tirando fotos pelo teto solar, o passeio de moto, o almoço no restaurante mexicano. Tom gritando com eles, como um pai gritando com os filhos. Era uma família, e Becca há muito tempo não sabia o que era isso. Mas, afinal, quem era Bill Kauliz?
Abriu o Internet Explorer, movida por uma incontrolável curiosidade e digitou no Google:
Bill Kaulitz
Encontrou diversas fotos de eventos importantíssimos e desfiles de moda que ele havia produzido. Era um cara importante. De repente, numa página da BILD, o site mais fofoqueiro da Alemanha encontrou um artigo cujo título começava com ''Os bastidores de uma farsa chamada Tokio Hotel'‘. Era a banda dele... Resolveu ler.
BILDE.DE
De acordo com Fontes o término da Banda mais famosa da Alemanha aconteceu devido o envolvimento da namorada de Tom, Ria Sommerfeld com o baixista Georg Listing, com quem mantinha um caso...Bill também mantinha um caso amoroso como manager da banda, David Jost com quem se relaciona desde os 15 anos.
Becca ficou perplexa com a capacidade de algumas pessoas mentirem. Ela continuou procurando informações. O que havia levado afinal, o fim da banda? Navegando pelas fotos de Bill, Becca se impressionou com a evolução do estilista. Do garotinho de Magdeburg com um sorriso doce, quase angelical, até o Glamour Fatale dos tempos atuais. Havia virado outro. Pareciam duas pessoas completamente diferentes. O jovem Bill se assemelhava ao Bill que ela conhecia; o desmemoriado. “O que havia acontecido?” Ela pensava. Quem era o Bill de antes e para onde ele havia ido. Becca viu entrevistas no You Tube, do garoto simples ao Glamuroso estilista da grife BTK, os amigos e ex-integrantes da extinta banda Tokio Hotel, Georg e Gustav, a amizade que tinham. A mudança repentina para Los Angeles e como tudo então ficou completamente diferente. Os outros dois foram ofuscados para não dizer esquecidos. Pouco se falava sobre eles. As fotos mal explicadas e às vezes mal compreendidas de Tom e Ria. Fãs revoltados a espera de um CD que nunca saiu... Anos a espera de uma nova turnê, muito se especulou, muito havia dito, mas a única coisa que saiu foi uma carta oficial, escrita em dois idiomas e assinada por eles anunciando o fim da banda Tokio Hotel.
“Aliens,
É com grande pesar que anunciamos o fim de um sonho que durou por mais de 10 anos. Tokio Hotel era nossa vida, nossos sonhos, nossos destinos, nossa origem. Era o ar que respirávamos. Vocês, nossos aliens, foram responsáveis por tudo o que construímos e tudo o que alcançamos. Vocês gritaram mais alto que qualquer fã e atravessaram 1000 oceanos, para ver um show nosso, que por tantas vezes fizemos com todo o amor que tínhamos. Enfrentamos tantos furacões e sol escaldante, sempre junto de vocês nossos aliens. E até mesmo o lado mais escuro dele. Como cães a solta na madrugada, soltando nosso barulho por ai sem nos importar com o amanhã. Vocês foram os melhores, nós seguiremos nossas vidas como motoristas fantasmas nas rodovias na vida, a espera de um destino. E viveremos o eterno agora, até que um dia possamos nos encontrar mais uma vez. Espero que um dia possam nos perdoar, por aquilo que não pudemos evitar e deixamos nossos sonhos morrerem.
Obrigado por tudo. É só o que podemos dizer...”
Logo abaixo centenas de comentários de fãs inconformados e revoltados.
“Obrigado? Obrigado por comprarem nossos CDs como palhaços, agora que não precisamos mais de vocês vamos acabar com essa farsa de banda e seguirmos a dupla BTK, por favor! Me poupe!”
“E é assim que acaba? Depois de tudo, é só isso?”
“Um discurso tão lindo para dizer Adeus?”
“Eu não posso acreditar! Só pode ser mentira. O Bill que eu conheço jamais faria uma coisa dessas!”
“Acorda minha filha! Ninguém conhece o Bill. É um mentiroso. Fingindo ser um doce esse tempo todo, o romântico, o mal compreendido! Era tudo uma farsa para ganhar status e a confiança dos fãs. No fundo é um gay reprimido que não podia se revelar enquanto tivesse contrato com a gravadora. Agora que acabou vai se tornar estilista e sair do armário”
“Que tipo de fã é você? Eu os amarei mesmo separados.”
“Eu não, me desculpe. Aprendi a gostar deles pelo elo que tinham agora que chegou ao fim só consigo perceber uma coisa: Eu estava cega. Tokio Hotel é uma grande mentira. E o seu Bill só nos enganou com aquele teatrinho de não deixar os sonhos se acabarem.”
Becca sentiu um nó na garganta. O que havia acontecido com ele? O Bill se transformou em algo que nem mesmo os fãs conheciam ou podiam acreditar ou aceitar. O velho fórum jogado as traças tinha uma última postagem, uma espécie de carta escrita por uma fã.
“Queridos aliens,
Há cerca de uma semana recebemos uma noticia que abalou todas as nossas estruturas com algo que nunca em minha vida pensei que fosse acontecer. Nossa amada banda se desfez como poeira ao vento. Eu espero que um dia esta mesma carta que escrevo a vocês possa ser lida por um dos hoje chamados integrantes da extinta banda Tokio Hotel. Eu amava essa banda com todas as forças que eu tinha. Briguei por eles quantas vezes fossem necessárias mesmo que eles nunca soubessem que eu existo. Aprendi que aja o que houver eu deveria ser eu mesma sem me importar com a opinião alheia, aprendi que sonhos são para toda a vida e devemos sempre lutar por eles. Aprendi que amizades devem ser eternamente verdadeiras. Aprendi que o mundo é pequeno demais quando se tem vínculos em comum. Que devemos sempre gritar mais alto e nunca deixar se abater. Aprendi a amar de verdade, Que as aliens são as melhores fãs do mundo, porque amamos a melhor banda do mundo.
Eu amava o estilo único de uma banda que quebrou todos os tabus e regras, sem deixar de ser os bons moços do rock. Com eles aprendi mais palavras em alemão do que aprendi em qualquer outro idioma. Aprendi a dizer “Ich Bin da!” “Reden” “Durch den Monsun” E tantas outras frases. Achava o Bill o melhor vocalista do mundo e ai de quem discordasse. O Tom era o mais gato e o mais fera na guitarra. Georg tinha os cabelos mais bonitos e Gustav era o melhor baterista do mundo. Paguei e pagaria quantas vezes fosse necessário para ver eles em qualquer lugar do mundo se eu pudesse. Amava cada detalhe deles. Arrepiava quando via os clipes, ou quando ouvia aquela musica nova pela primeira vez, e mais ainda se fossem as clássicas ouvidas milhares de vezes. Chorava por um pôster, um vídeo.
Eles eram meu sonho. Até que um dia, tudo se acabou como toda fantasia que termina e há uma semana através de uma carta oficial, eles disseram que era o fim. Fãs revoltados. Nenhum um vídeo, uma palavra de adeus, uma explicação. Era o mínimo que merecíamos depois de ficar horas votando em todas as premiações que eles participavam. Talvez tenhamos sido duras demais quando surgiram boatos de que Tom estava namorando. Tom nos perdoe. Não queríamos uma explicação. Apenas que deixassem que víssemos que era a sortuda que ganhou seu coração. Fomos alimentados por tantas mentiras nos últimos anos. Não precisa ter vergonha Bill, vamos aceitá-lo como é. Mas, não aguentávamos essas especulações se é gay ou não, ou com quem você estava. Não era cobrança. Era apenas para sabermos se tudo o que lemos é mentira. Somos fãs, a maioria vocês sequer sabem que existimos. Mas, iríamos amá-los como sempre do mesmo jeito. Por que decidiram morar em países diferentes? Era uma banda. Até então eram unidos. Então porque gravarem um cd que nunca saiu em países diferentes. Iludindo a mídia e os fãs de que estava tudo bem. Criaram um aplicativo para os gêmeos. Mas, era uma banda, não uma dupla.
Aos meus queridos ex-integrantes da banda Tokio Hotel, o que tenho a dizer? Vocês eram nossas vidas. E amávamos vocês, e os defendíamos. Eu me pergunto onde estão os garotos de Magdeburg? Será que se lembram de quem foram um dia? Sei que devem dizer que ninguém gostou de vocês antes do Tokio Hotel, que subiram graças ao seu talento. Mas, para se tornarem o que se tornaram, vocês não precisaram de fãs? De pessoas gritando por seus nomes, indo aos seus shows. Será que não precisam mais disso? Não né? Voaram alto... Tão alto que foram para muito longe de nós e não haveria mais nenhuma ponte que nos unisse. Será que Georg e Gustav se sentiram assim também? Ofuscados pelo brilho dos “Gêmeos do Rock”. Pensando bem era melhor que fizessem uma dupla. Ninguém sabia mais do paradeiro dos outros caras mesmo. Qual é mesmo o nome deles?
Foram dez anos. E nesses dez anos quanta coisa aconteceu! Eu era uma fã que brigava com qualquer um para defendê-los e vocês sequer podiam assumir para que soubéssemos quem eram as pessoas que amavam. Tom, você não nos deve satisfação, mas custava assumir que tinha alguém que amava, para que ficássemos felizes com sua escolha? Coisas esclarecidas. Ao invés disso ficamos a mercê de fotos de Paparazzi, que cada dia tinha uma nova coisa, uma nova “bomba” descabelando as aliens. Elas não iriam gostar? Isso não é importante. Importante era assumir as coisas como são para que não ficássemos todos os dias nos perguntando o que é verdade e o que é mentira.
Antigamente notícias sobre vocês eram raras. Eram discretos. Pouco se falavam sobre suas vidas. De repente, vocês se mudaram para a Terra dos paparazzi dizendo que queria sossego. Sossego? Em Los Angeles? Me poupe! Foram para o olho do Furacão. Jantares, festas badaladas, High Socyete. Pode dizer Tom que foi pela Ria e pode dizer Bill que foi para aparecer. Não é necessário máscaras. Não agora. É lindo dizer em entrevistas: “Não falamos sobre vida pessoal” quando sua vida pessoal ficou exposta para todos verem!
Era até legal Bill, você acenando para os paparazzi. Hoje você cobre o rosto como um idiota, sai às ruas de óculos escuros como se fosse um astro de Hollywood. Você era um astro do Rock. E era legal ver você de calça rasgada All Star e camisetas personalizadas. Sem essas roupas de grife e todas essas parafernalhas que o faz parecer com uma arvore de natal. Gostava do cabelo de espanador, gostava das calças baixas e justas, das camisetas e do tênis sujo, gostava dos dentinhos tortos e do rosto lisinho, gostava de você magrinho. Digam o que quiser, eu gostava daquele garotinho. Esse Robocop todo produzido e glamouroso me dá medo e sequer me lembra você. Parece outra pessoa. Com esse monte de piercings e tatuagens para parecer que é um RockStar heavy-metal-perdido-em-Hollywood!
E o que houve com os outros? Eles morreram? Georg, Gustav, onde vocês estavam esse tempo todo? Por que se deixaram cair no esquecimento? Vocês eram os pilares que sustentavam essa banda! Sem vocês era só Bill e Tom. E no fim das contas, foi o que se tornou? Por quê? Só Bill e Tom não têm graça. Não tem solos de baixo, ou de bateria. É só voz e guitarra. Não existe nada assim, não é legal. Não é uma banda. É uma dupla...
Eu sinto muito também. Se pudesse voltaria no tempo. Bill e Tom não iriam se mudar para Los Angeles. Georg e Gust fariam parte da gravação do disco fantasma que nunca saiu e nunca mais vai sair. Bill não iria fazer aquela musica ridícula com Fast East Moviment, nem aquelas tatuagens estranhas que parecem ter saído de algum centro de Voodoo e Macumba, ou sair com aquele monte de piercings parecendo um para raios. Tom iria parar com essa bobagem e assumir de uma vez por todas “Eu amo a Ria e pronto”, seria muito melhor.
Será que nos enganou Bill? Não foi você que disse que nunca deixaria de comer carne, que acreditava em amor verdadeiro, que escrevia musicas tão lindas que pareciam ter saído direto de seu coração. Que tinha aquele olhar inocente, que não se importava com o que os outros falavam de sua maquiagem ou de suas unhas pintadas. Não nos importávamos com isso. Nem com seu jeito doce. Aquele era nosso Bill. Esse cara todo glamouroso e marombado eu não o conheço.
A monção os levou para muito longe de nós, e não adianta pedir para que não saltemos. Vamos pular neste mar de amargura que vocês mesmos nos mostrou. Nada neste mundo dura para sempre. Agora somos apenas crianças perdidas, a espera daqueles sonhos que construímos juntos. Nós gritamos tão alto: “Por favor! Estamos aqui!” Ninguém nos ouviu, ninguém nos olhou. Eu não tenho que perdoar ninguém, vocês já fizeram a escolha. Até um dia em que vocês possam sair dessa realidade e sonhar de novo com o que sonhamos. Nossos sonhos, nossos destinos, nossas vidas, nossa banda. Ich werde dich immer lieben, Tokio Hotel!”
Becca permaneceu em silencio, sua mente fervia. Aquele Bill doce havia morrido? Era mesmo o fim? Não havia retorno? Ele seria aquele cara chato pelo resto da vida? Becca se despertou de seu transe quando a campainha da velha quitinete tocou, fechou o notebook e andou devagar até a porta. Olhou pelo olho mágico depois respirou fundo e encostou na porta. Era ele mesmo? Ele tocou de novo. Becca girou a maçaneta devagar. Parecia coisa do destino. Ela pesquisava sobre ele naquele momento e de repente ele surge em sua porta com um sorriso doce e um olhar ansioso.
-Becca! - Ele gritou assim que ela abriu a porta e a abraçou como se não a visse há anos.
-Cara, eu não to conseguindo respirar. - Becca disse tentando afastar o estilista
-Becca, por que você foi embora? E sem mim...? - Os olhos de Bill estavam marejados. Becca apenas desviou o olhar
-Como você veio sozinho?
-Ninho de Ratos me trouxe! - Becca olhou por cima do ombro de Bill, Tom aguardava encostado na parede no inicio do corredor com cara de poucos amigos.
-Ora, ora. As surpresas não param de acontecer.
-Becca, volte com a gente! Eu não me sinto a vontade naquela casa!
-Bill, eu não posso! - Becca disse o afastando.
-Por favor! - Becca pensava no que havia lido. Como uma pessoa poderia mudar tanto em tão pouco tempo?
-Eu vou ficar aqui na quitinete!
-Qui... Ti... Nete? - Bill fez uma cara de criança curiosa e depois sorriu.
-É. Esse apertamento em que estou.
-Posso ficar na quichinete com você?
-Quitinete! - Becca o corrigiu.
-Foi o que eu disse, Quichinete!
-Ai! Esquece! Não pode!
-Por favor!
-Não! - Ela era firme em suas palavras, não iria deixá-lo ali. Ele só iria atrasá-la.
-Posso pelo menos entrar? - Ele disse com uma cara de cachorro pidão que ela se enfureceu e deixou que ele entrasse.
Ele entrou no pequeno apertamento, enquanto olhava emocionado e ansioso para cada detalhe. Tudo parecendo que havia saído diretamente de um brechó ou de um filme antigo dos anos 60 e 70. Parecia uma criança em um parque de diversões.
-Cara, você mora naquela mansão e está impressionado com este... Muquifo?
-Sua quichinete é linda! Tudo tão bonitinho!
-É brega! Ninguém usa mais nada disso aqui hoje em dia. - Ela disse pondo as mãos na cabeça para ajeitar os cabelos vermelhos bagunçados. Nem Becca entendia alguém que preferia aquele apertamento ao invés da própria mansão.
-Naquela casa não tem nada disso!
-É porque é uma mansão chiquérrima com tudo de melhor que há em construção! - Becca nunca deixava as ironias, era sua marca registrada.
Bill andava pela sala, sentava-se no velho sofá, olhava da janela. Ela olhava para ele tentando entender a razão de tanta alegria em estar perto dela. Pensou no que Tom havia dito. Em dois dias eles viajariam para a Alemanha. Talvez eles nunca mais se vissem, e só de pensar em tal possibilidade, ela sentia a garganta arder. Ela se controlou o choro que estava vindo, não queria que ela a visse chorar nunca. Era o modelo de força para Bill, não iria decepcioná-lo daquela maneira.
-Você pode ficar... -Ela disse com a voz baixa como se estivesse presa na garganta.
-O quê? - Ele parou de admirar o vaso de hortênsias em cima da velha mesa de madeira.
-Você pode ficar aqui.
-Eu posso? - Os olhos dele cintilavam.
-Com uma condição.
-Qual? - Ele se endireitou no sofá para poder encará-la.
-Você vai com seu irmão para a Alemanha, visitar sua família.
-Eu? Com Ninho de Ratos?
-Ah não vai aceitar? Pode ir então! - Ela disse apontando para a porta.
-Não! Eu...
-E então?
-Não sei se posso confiar nele... - Ele disse desconfiando de Tom.
-Ele é seu irmão gêmeo. Faria tudo por você. E fez... Até por a mulher que mais odeia dentro da casa dele. Isso é amar demais. - Becca disse olhando para a direção de Tom que observava de longe. Havia se aproximado da porta, mas mantinha-se do lado de fora.
- Eu vou com ele, então. Eu nem sei onde é Alemanha, mas vou com ele. Mas, você tem que me deixar ficar aqui com você.
-Por dois dias! Depois você vai com seu irmão!
-Tudo bem!
Ela se aproximou do Ninho de Ratos. Ele permanecia em silencio e desconfiado.
- Oi pra você também, Ninho de Ratos!
-Hum! Isso tudo é culpa sua! Se não tivesse atropelado ele, nada disso estaria acontecendo...
-Tudo bem se ele ficar aqui por dois dias?
-Você já encheu a cabeça dele, quem irá tirar ele daqui agora? - Ele dizia olhando para outra direção, como se quisesse evitar o olhar dela.
-Eu... Eu só vou ficar dois dias com ele. Prometo que não vou fazer nada que ele não queira.
-Se você engravidar dele, eu tomo o filho de você!
-Deixe de ser idiota! Eu nunca faria isso na situação em que ele está! Aliás, eu nunca faria isso com ELE. Imbecil! Além do mais, ele, no estado em que está, é o ser mais ingênuo e doce que eu já conheci.
-Ele era assim. Há muito tempo... - Tom olhou para Bill
-O que aconteceu? – Becca olhou para Tom curiosa.
-Nada.
-Não seja grosso! Eu só perguntei!
-E eu só respondi. – Tom era seco nas palavras.
-Tudo bem.
Tom pensou por um instante. Depois olhou para Becca que o encarava desafiadoramente como sempre.
-Tudo bem se for para a Alemanha com a gente?
Becca se assustou com a pergunta que ficou sem resposta por um longo tempo até cair em si.
-O que disse?
-Eu te perguntei se tudo bem para você ir com a gente para a Alemanha! – Ele disse de forma impaciente. – Ele disse que vai. Mas, nós sabemos que ele não arreda o pé daqui sem você.
Becca encarou Ninho de Ratos, depois desviou o olhar para Bill. O que havia acontecido no passado? O que levou ao fim da banda. Ela estava curiosa, queria respostas. Queria ajudar.
-Tudo bem. Eu vou. Como parte de nosso acordo. – Ela acabou aceitando. No fundo tinha um motivo muito maior que a puxava para lá. E ela se recusava a aceitar a verdade.
-Ótimo! Vamos Bill, vamos pegar nossas coisas e fazer nossas malas. Daqui nós viajamos.
-Como assim daqui nas viajamos? – Becca ficou sem entender.
-Ora Becca, eu vou ficar dois dias com o Bill aqui. Para garantir de que não tente nada com meu irmão.
- Não cabe você aqui.
-Deve estar espaço para mim na sua cama... – Tom deu uma piscadinha.
-Ninho de Ratos! – Bill reclamou.
- Seu pervertido!
Tom já havia saído com Bill. Algumas horas mais tarde os dois estavam na pequena quitinete, para tristeza, ou alegria de Becca...
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Espero que gostem... Posto novo capitulo semana que vem... Beijos e bom feriado a todas vocês...
Obrigada Lara Monique Beta Reader por suas ideias... ( )
Eu demoro uma semana para postar porque acho que nem estão gostando. Mas, fico feliz que estejam acompanhando... Farei o meu melhor possivel! AMO VOCÊS...
Capitulo mais cedo essa semana... Trabalho... Beijos. Espero que gostem
Ah... Herika seja bem vinda...
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Capitulo 8
Abra o coração e feche a mente
“Eu nunca pensei em ninguém além de mim mesma. No fim das contas só estava sendo HUMANA, afinal todos só pensam em si mesmos. Somos egoístas. Quem se importa com os sentimentos alheios? As pessoas se importam com a vida alheia, não com os sentimentos nela envolvidos. E assim vivemos, somos humanos. Vivendo em uma selva de pedra chamada MUNDO, lutando por nossas próprias sobrevivências sem nos preocupar com o que sacrificamos por isso...”
Bill acordou e sentiu a cama quente demais. Jogou o edredom exageradamente grande para o chão e pulou da cama. Procurou algo pra vestir e só achou plumas, couro e coisas estranhas, pelo menos o que sobrou, já que doou a maioria aos mendigos. Por sorte achou uma camiseta meio transparente e rasgada, que combinou com uma calça jeans pouco maior que ele. Calçou uns tênis brancos e desgastados, bagunçou um pouco o cabelo e saiu para tomar café. Becca estaria lendo o jornal, sentada à mesa, com os pés estirados em outra cadeira, com uma cara de entediada, como sempre. Ele gostava disso. Era tão familiar esse jeito largado dela, era tudo o que ele queria ser e não sabia por quê.
Mas pra sua infelicidade ela não estava lá. Bill voltou para o segundo andar e correu para o quarto dela. Bateu na porta, como ela havia ensinado, mas ninguém disse nada. Então resolveu ir pelo jeito mais fácil e abriu a porta sem permissão. Encontrou a cama arrumada e as portas do armário vazio aberto. Ela tinha ido embora!
Saiu correndo para a garagem e não encontrou a moto dela. Voltou ao seu quarto desesperado, sobre o criado mudo dele, a câmera que ela havia deixado, com um bilhete de despedida. Ela havia ido embora. Sentiu a garganta arder e começou a chorar. Sentia-se completamente perdido sem ela. Becca era sua única referência no mundo, a única pessoa que parecia ser do mesmo planeta que ele. O que fazer? Só podia ser culpa daquele maldito ninho de ratos! Correu até o quarto dele e chutou a porta.
-O que fez com ela? Você brigou com ela? Você a mandou ir embora?
-Ladrão! - O irmão que ainda dormia se assustou e saltou da cama.
-Não Idiota! Sou eu!
-O que aconteceu? Por que me acordou tão cedo? - Tom parecia meio perdido.
-Cedo? São oito horas da manhã. Deus ajuda quem cedo madruga.
-Que horas você se levantou? - Tom o encarou perplexo.
-Seis e meia da manhã.
-Quando os alienígenas levaram meu irmão e te colocaram no lugar, seu clone? - Tom não parava de encarar Bill de uma forma cômica
-Onde está a Becca?
-Becca? - Tom se fez de desentendido
-Sim, Becca!
-Deve estar dormindo. - Tom mentiu, tentando aliviar a situação
-Mentiroso!
-Olha eu não sei, ela quis embora!
-É tudo culpa sua! - Bill franziu o cenho na esperança de intimidá-lo para que contasse a verdade.
-Não podia obrigá-la a ficar aqui!
-Então você sabe onde ela está?
-Lógico que não! - Quando se tratava de Bill, Tom era um péssimo mentiroso.
-Você sabe sim!
-Eu não sei! Ela deve estar a quilômetros de distância daqui agora!
-Não! A Becca não iria embora assim. - Bill afirmou com toda a certeza que não tinha.
-Eu tentei impedir! Mas, ela disse que não podia ficar!
-Ela gosta de mim! Eu sei! Ela me deixou a câmera dela! Eu sei que ela não está longe daqui! - Bill mostrou a câmera que havia encontrado. Tom apenas se perguntava por que ele nutria tanto carinho por alguém que sequer conhecia, e dele, seu irmão, ele sequer se lembrava.
-Entenda... Era o melhor.
-Não venha me dizer o que é melhor, você não sabe do que penso ou do que sinto!
-Eu te conheço melhor do que qualquer um conhece ou vai conhecer! - As palavras saiam quase que sem querer dos lábios de Tom.
-Se me conhece tão bem, então porque não me diz logo onde ela está?
-Já disse que não sei. - Tom sentia o nó na garganta.
-Eu sei que está mentindo. - Bill segurava a câmera com as duas mãos enquanto encarava o irmão.
-Como pode ter tanta certeza?
-Se me conhece tão bem, talvez eu te conheça melhor ainda... - Bill afirmou desta vez com uma certeza que fez parecer para Tom o velho Bill de sempre.
-Não vou te dizer onde ela está...
-Estava certo, você sabe. A escolha é sua. Se não me contar eu vou sair pelas ruas até encontrá-la!
-Não seja burro! Você sequer sabe para onde ir!
-Eu sei falar! - Bill virou as costas. Tom pensou que fosse um blefe, ele estava realmente falando sério.
-Tá bom! Você venceu! Eu te levo até ela! - O que Tom não sabia é que aquilo realmente era um blefe.
***
Becca chegou à sua quitinete estava escuro. Conservava na sua mente a imagem do que deixou pra trás e isso a incomodava de uma maneira estranha. Por que aquele garoto dormindo, abraçando um ursinho de pelúcia lhe parecia tão ridículo e ao mesmo tempo tão encantador? Ela não costumava acreditar na inocência dos outros, tão pouco na dele, já que não o conhecia antes, mas pelo que percebera aquele acidente parecia tê-lo mudado da água para o vinho... E a culpa era dela. Não sabia se isso era bom ou ruim, mas a culpa era dela.
Depois de uma semana de convivência com aquela chatice toda, resolveu voltar para casa. Sua vida precisava continuar, afinal Bill ficaria bem com o idiota do irmão dele, que foi assustadoramente gentil quando ela disse que precisava ir embora. Até ofereceu uma grana, que Becca não aceitou, claro. Mas ela tinha se divertido com aquele idiota como há muito tempo não se divertia. E depois pensou em como ele estaria na manhã seguinte e nos próximos dias que viriam. Tudo bem. Eles são riquinhos idiotas, Becca...Esqueça!
Jogou-se no estreito sofá da sala, encima de suas roupas sujas e limpas e abriu o notebook... Jogou as fotos do cartão de memória para o computador e resolveu revisá-las. No meio daquela infinidade de fotos, descobriu uma de Bill, fazendo careta, com uma expressão totalmente infantil, numa cara de trinta anos! Era estranho, mas ela não conseguiu não rir. O dia na praia, a doação de roupas, o passeio de carro tirando fotos pelo teto solar, o passeio de moto, o almoço no restaurante mexicano. Tom gritando com eles, como um pai gritando com os filhos. Era uma família, e Becca há muito tempo não sabia o que era isso. Mas, afinal, quem era Bill Kauliz?
Abriu o Internet Explorer, movida por uma incontrolável curiosidade e digitou no Google:
Bill Kaulitz
Encontrou diversas fotos de eventos importantíssimos e desfiles de moda que ele havia produzido. Era um cara importante. De repente, numa página da BILD, o site mais fofoqueiro da Alemanha encontrou um artigo cujo título começava com ''Os bastidores de uma farsa chamada Tokio Hotel'‘. Era a banda dele... Resolveu ler.
BILDE.DE
De acordo com Fontes o término da Banda mais famosa da Alemanha aconteceu devido o envolvimento da namorada de Tom, Ria Sommerfeld com o baixista Georg Listing, com quem mantinha um caso...Bill também mantinha um caso amoroso como manager da banda, David Jost com quem se relaciona desde os 15 anos.
Becca ficou perplexa com a capacidade de algumas pessoas mentirem. Ela continuou procurando informações. O que havia levado afinal, o fim da banda? Navegando pelas fotos de Bill, Becca se impressionou com a evolução do estilista. Do garotinho de Magdeburg com um sorriso doce, quase angelical, até o Glamour Fatale dos tempos atuais. Havia virado outro. Pareciam duas pessoas completamente diferentes. O jovem Bill se assemelhava ao Bill que ela conhecia; o desmemoriado. “O que havia acontecido?” Ela pensava. Quem era o Bill de antes e para onde ele havia ido. Becca viu entrevistas no You Tube, do garoto simples ao Glamuroso estilista da grife BTK, os amigos e ex-integrantes da extinta banda Tokio Hotel, Georg e Gustav, a amizade que tinham. A mudança repentina para Los Angeles e como tudo então ficou completamente diferente. Os outros dois foram ofuscados para não dizer esquecidos. Pouco se falava sobre eles. As fotos mal explicadas e às vezes mal compreendidas de Tom e Ria. Fãs revoltados a espera de um CD que nunca saiu... Anos a espera de uma nova turnê, muito se especulou, muito havia dito, mas a única coisa que saiu foi uma carta oficial, escrita em dois idiomas e assinada por eles anunciando o fim da banda Tokio Hotel.
“Aliens,
É com grande pesar que anunciamos o fim de um sonho que durou por mais de 10 anos. Tokio Hotel era nossa vida, nossos sonhos, nossos destinos, nossa origem. Era o ar que respirávamos. Vocês, nossos aliens, foram responsáveis por tudo o que construímos e tudo o que alcançamos. Vocês gritaram mais alto que qualquer fã e atravessaram 1000 oceanos, para ver um show nosso, que por tantas vezes fizemos com todo o amor que tínhamos. Enfrentamos tantos furacões e sol escaldante, sempre junto de vocês nossos aliens. E até mesmo o lado mais escuro dele. Como cães a solta na madrugada, soltando nosso barulho por ai sem nos importar com o amanhã. Vocês foram os melhores, nós seguiremos nossas vidas como motoristas fantasmas nas rodovias na vida, a espera de um destino. E viveremos o eterno agora, até que um dia possamos nos encontrar mais uma vez. Espero que um dia possam nos perdoar, por aquilo que não pudemos evitar e deixamos nossos sonhos morrerem.
Obrigado por tudo. É só o que podemos dizer...”
Logo abaixo centenas de comentários de fãs inconformados e revoltados.
“Obrigado? Obrigado por comprarem nossos CDs como palhaços, agora que não precisamos mais de vocês vamos acabar com essa farsa de banda e seguirmos a dupla BTK, por favor! Me poupe!”
“E é assim que acaba? Depois de tudo, é só isso?”
“Um discurso tão lindo para dizer Adeus?”
“Eu não posso acreditar! Só pode ser mentira. O Bill que eu conheço jamais faria uma coisa dessas!”
“Acorda minha filha! Ninguém conhece o Bill. É um mentiroso. Fingindo ser um doce esse tempo todo, o romântico, o mal compreendido! Era tudo uma farsa para ganhar status e a confiança dos fãs. No fundo é um gay reprimido que não podia se revelar enquanto tivesse contrato com a gravadora. Agora que acabou vai se tornar estilista e sair do armário”
“Que tipo de fã é você? Eu os amarei mesmo separados.”
“Eu não, me desculpe. Aprendi a gostar deles pelo elo que tinham agora que chegou ao fim só consigo perceber uma coisa: Eu estava cega. Tokio Hotel é uma grande mentira. E o seu Bill só nos enganou com aquele teatrinho de não deixar os sonhos se acabarem.”
Becca sentiu um nó na garganta. O que havia acontecido com ele? O Bill se transformou em algo que nem mesmo os fãs conheciam ou podiam acreditar ou aceitar. O velho fórum jogado as traças tinha uma última postagem, uma espécie de carta escrita por uma fã.
“Queridos aliens,
Há cerca de uma semana recebemos uma noticia que abalou todas as nossas estruturas com algo que nunca em minha vida pensei que fosse acontecer. Nossa amada banda se desfez como poeira ao vento. Eu espero que um dia esta mesma carta que escrevo a vocês possa ser lida por um dos hoje chamados integrantes da extinta banda Tokio Hotel. Eu amava essa banda com todas as forças que eu tinha. Briguei por eles quantas vezes fossem necessárias mesmo que eles nunca soubessem que eu existo. Aprendi que aja o que houver eu deveria ser eu mesma sem me importar com a opinião alheia, aprendi que sonhos são para toda a vida e devemos sempre lutar por eles. Aprendi que amizades devem ser eternamente verdadeiras. Aprendi que o mundo é pequeno demais quando se tem vínculos em comum. Que devemos sempre gritar mais alto e nunca deixar se abater. Aprendi a amar de verdade, Que as aliens são as melhores fãs do mundo, porque amamos a melhor banda do mundo.
Eu amava o estilo único de uma banda que quebrou todos os tabus e regras, sem deixar de ser os bons moços do rock. Com eles aprendi mais palavras em alemão do que aprendi em qualquer outro idioma. Aprendi a dizer “Ich Bin da!” “Reden” “Durch den Monsun” E tantas outras frases. Achava o Bill o melhor vocalista do mundo e ai de quem discordasse. O Tom era o mais gato e o mais fera na guitarra. Georg tinha os cabelos mais bonitos e Gustav era o melhor baterista do mundo. Paguei e pagaria quantas vezes fosse necessário para ver eles em qualquer lugar do mundo se eu pudesse. Amava cada detalhe deles. Arrepiava quando via os clipes, ou quando ouvia aquela musica nova pela primeira vez, e mais ainda se fossem as clássicas ouvidas milhares de vezes. Chorava por um pôster, um vídeo.
Eles eram meu sonho. Até que um dia, tudo se acabou como toda fantasia que termina e há uma semana através de uma carta oficial, eles disseram que era o fim. Fãs revoltados. Nenhum um vídeo, uma palavra de adeus, uma explicação. Era o mínimo que merecíamos depois de ficar horas votando em todas as premiações que eles participavam. Talvez tenhamos sido duras demais quando surgiram boatos de que Tom estava namorando. Tom nos perdoe. Não queríamos uma explicação. Apenas que deixassem que víssemos que era a sortuda que ganhou seu coração. Fomos alimentados por tantas mentiras nos últimos anos. Não precisa ter vergonha Bill, vamos aceitá-lo como é. Mas, não aguentávamos essas especulações se é gay ou não, ou com quem você estava. Não era cobrança. Era apenas para sabermos se tudo o que lemos é mentira. Somos fãs, a maioria vocês sequer sabem que existimos. Mas, iríamos amá-los como sempre do mesmo jeito. Por que decidiram morar em países diferentes? Era uma banda. Até então eram unidos. Então porque gravarem um cd que nunca saiu em países diferentes. Iludindo a mídia e os fãs de que estava tudo bem. Criaram um aplicativo para os gêmeos. Mas, era uma banda, não uma dupla.
Aos meus queridos ex-integrantes da banda Tokio Hotel, o que tenho a dizer? Vocês eram nossas vidas. E amávamos vocês, e os defendíamos. Eu me pergunto onde estão os garotos de Magdeburg? Será que se lembram de quem foram um dia? Sei que devem dizer que ninguém gostou de vocês antes do Tokio Hotel, que subiram graças ao seu talento. Mas, para se tornarem o que se tornaram, vocês não precisaram de fãs? De pessoas gritando por seus nomes, indo aos seus shows. Será que não precisam mais disso? Não né? Voaram alto... Tão alto que foram para muito longe de nós e não haveria mais nenhuma ponte que nos unisse. Será que Georg e Gustav se sentiram assim também? Ofuscados pelo brilho dos “Gêmeos do Rock”. Pensando bem era melhor que fizessem uma dupla. Ninguém sabia mais do paradeiro dos outros caras mesmo. Qual é mesmo o nome deles?
Foram dez anos. E nesses dez anos quanta coisa aconteceu! Eu era uma fã que brigava com qualquer um para defendê-los e vocês sequer podiam assumir para que soubéssemos quem eram as pessoas que amavam. Tom, você não nos deve satisfação, mas custava assumir que tinha alguém que amava, para que ficássemos felizes com sua escolha? Coisas esclarecidas. Ao invés disso ficamos a mercê de fotos de Paparazzi, que cada dia tinha uma nova coisa, uma nova “bomba” descabelando as aliens. Elas não iriam gostar? Isso não é importante. Importante era assumir as coisas como são para que não ficássemos todos os dias nos perguntando o que é verdade e o que é mentira.
Antigamente notícias sobre vocês eram raras. Eram discretos. Pouco se falavam sobre suas vidas. De repente, vocês se mudaram para a Terra dos paparazzi dizendo que queria sossego. Sossego? Em Los Angeles? Me poupe! Foram para o olho do Furacão. Jantares, festas badaladas, High Socyete. Pode dizer Tom que foi pela Ria e pode dizer Bill que foi para aparecer. Não é necessário máscaras. Não agora. É lindo dizer em entrevistas: “Não falamos sobre vida pessoal” quando sua vida pessoal ficou exposta para todos verem!
Era até legal Bill, você acenando para os paparazzi. Hoje você cobre o rosto como um idiota, sai às ruas de óculos escuros como se fosse um astro de Hollywood. Você era um astro do Rock. E era legal ver você de calça rasgada All Star e camisetas personalizadas. Sem essas roupas de grife e todas essas parafernalhas que o faz parecer com uma arvore de natal. Gostava do cabelo de espanador, gostava das calças baixas e justas, das camisetas e do tênis sujo, gostava dos dentinhos tortos e do rosto lisinho, gostava de você magrinho. Digam o que quiser, eu gostava daquele garotinho. Esse Robocop todo produzido e glamouroso me dá medo e sequer me lembra você. Parece outra pessoa. Com esse monte de piercings e tatuagens para parecer que é um RockStar heavy-metal-perdido-em-Hollywood!
E o que houve com os outros? Eles morreram? Georg, Gustav, onde vocês estavam esse tempo todo? Por que se deixaram cair no esquecimento? Vocês eram os pilares que sustentavam essa banda! Sem vocês era só Bill e Tom. E no fim das contas, foi o que se tornou? Por quê? Só Bill e Tom não têm graça. Não tem solos de baixo, ou de bateria. É só voz e guitarra. Não existe nada assim, não é legal. Não é uma banda. É uma dupla...
Eu sinto muito também. Se pudesse voltaria no tempo. Bill e Tom não iriam se mudar para Los Angeles. Georg e Gust fariam parte da gravação do disco fantasma que nunca saiu e nunca mais vai sair. Bill não iria fazer aquela musica ridícula com Fast East Moviment, nem aquelas tatuagens estranhas que parecem ter saído de algum centro de Voodoo e Macumba, ou sair com aquele monte de piercings parecendo um para raios. Tom iria parar com essa bobagem e assumir de uma vez por todas “Eu amo a Ria e pronto”, seria muito melhor.
Será que nos enganou Bill? Não foi você que disse que nunca deixaria de comer carne, que acreditava em amor verdadeiro, que escrevia musicas tão lindas que pareciam ter saído direto de seu coração. Que tinha aquele olhar inocente, que não se importava com o que os outros falavam de sua maquiagem ou de suas unhas pintadas. Não nos importávamos com isso. Nem com seu jeito doce. Aquele era nosso Bill. Esse cara todo glamouroso e marombado eu não o conheço.
A monção os levou para muito longe de nós, e não adianta pedir para que não saltemos. Vamos pular neste mar de amargura que vocês mesmos nos mostrou. Nada neste mundo dura para sempre. Agora somos apenas crianças perdidas, a espera daqueles sonhos que construímos juntos. Nós gritamos tão alto: “Por favor! Estamos aqui!” Ninguém nos ouviu, ninguém nos olhou. Eu não tenho que perdoar ninguém, vocês já fizeram a escolha. Até um dia em que vocês possam sair dessa realidade e sonhar de novo com o que sonhamos. Nossos sonhos, nossos destinos, nossas vidas, nossa banda. Ich werde dich immer lieben, Tokio Hotel!”
Becca permaneceu em silencio, sua mente fervia. Aquele Bill doce havia morrido? Era mesmo o fim? Não havia retorno? Ele seria aquele cara chato pelo resto da vida? Becca se despertou de seu transe quando a campainha da velha quitinete tocou, fechou o notebook e andou devagar até a porta. Olhou pelo olho mágico depois respirou fundo e encostou na porta. Era ele mesmo? Ele tocou de novo. Becca girou a maçaneta devagar. Parecia coisa do destino. Ela pesquisava sobre ele naquele momento e de repente ele surge em sua porta com um sorriso doce e um olhar ansioso.
-Becca! - Ele gritou assim que ela abriu a porta e a abraçou como se não a visse há anos.
-Cara, eu não to conseguindo respirar. - Becca disse tentando afastar o estilista
-Becca, por que você foi embora? E sem mim...? - Os olhos de Bill estavam marejados. Becca apenas desviou o olhar
-Como você veio sozinho?
-Ninho de Ratos me trouxe! - Becca olhou por cima do ombro de Bill, Tom aguardava encostado na parede no inicio do corredor com cara de poucos amigos.
-Ora, ora. As surpresas não param de acontecer.
-Becca, volte com a gente! Eu não me sinto a vontade naquela casa!
-Bill, eu não posso! - Becca disse o afastando.
-Por favor! - Becca pensava no que havia lido. Como uma pessoa poderia mudar tanto em tão pouco tempo?
-Eu vou ficar aqui na quitinete!
-Qui... Ti... Nete? - Bill fez uma cara de criança curiosa e depois sorriu.
-É. Esse apertamento em que estou.
-Posso ficar na quichinete com você?
-Quitinete! - Becca o corrigiu.
-Foi o que eu disse, Quichinete!
-Ai! Esquece! Não pode!
-Por favor!
-Não! - Ela era firme em suas palavras, não iria deixá-lo ali. Ele só iria atrasá-la.
-Posso pelo menos entrar? - Ele disse com uma cara de cachorro pidão que ela se enfureceu e deixou que ele entrasse.
Ele entrou no pequeno apertamento, enquanto olhava emocionado e ansioso para cada detalhe. Tudo parecendo que havia saído diretamente de um brechó ou de um filme antigo dos anos 60 e 70. Parecia uma criança em um parque de diversões.
-Cara, você mora naquela mansão e está impressionado com este... Muquifo?
-Sua quichinete é linda! Tudo tão bonitinho!
-É brega! Ninguém usa mais nada disso aqui hoje em dia. - Ela disse pondo as mãos na cabeça para ajeitar os cabelos vermelhos bagunçados. Nem Becca entendia alguém que preferia aquele apertamento ao invés da própria mansão.
-Naquela casa não tem nada disso!
-É porque é uma mansão chiquérrima com tudo de melhor que há em construção! - Becca nunca deixava as ironias, era sua marca registrada.
Bill andava pela sala, sentava-se no velho sofá, olhava da janela. Ela olhava para ele tentando entender a razão de tanta alegria em estar perto dela. Pensou no que Tom havia dito. Em dois dias eles viajariam para a Alemanha. Talvez eles nunca mais se vissem, e só de pensar em tal possibilidade, ela sentia a garganta arder. Ela se controlou o choro que estava vindo, não queria que ela a visse chorar nunca. Era o modelo de força para Bill, não iria decepcioná-lo daquela maneira.
-Você pode ficar... -Ela disse com a voz baixa como se estivesse presa na garganta.
-O quê? - Ele parou de admirar o vaso de hortênsias em cima da velha mesa de madeira.
-Você pode ficar aqui.
-Eu posso? - Os olhos dele cintilavam.
-Com uma condição.
-Qual? - Ele se endireitou no sofá para poder encará-la.
-Você vai com seu irmão para a Alemanha, visitar sua família.
-Eu? Com Ninho de Ratos?
-Ah não vai aceitar? Pode ir então! - Ela disse apontando para a porta.
-Não! Eu...
-E então?
-Não sei se posso confiar nele... - Ele disse desconfiando de Tom.
-Ele é seu irmão gêmeo. Faria tudo por você. E fez... Até por a mulher que mais odeia dentro da casa dele. Isso é amar demais. - Becca disse olhando para a direção de Tom que observava de longe. Havia se aproximado da porta, mas mantinha-se do lado de fora.
- Eu vou com ele, então. Eu nem sei onde é Alemanha, mas vou com ele. Mas, você tem que me deixar ficar aqui com você.
-Por dois dias! Depois você vai com seu irmão!
-Tudo bem!
Ela se aproximou do Ninho de Ratos. Ele permanecia em silencio e desconfiado.
- Oi pra você também, Ninho de Ratos!
-Hum! Isso tudo é culpa sua! Se não tivesse atropelado ele, nada disso estaria acontecendo...
-Tudo bem se ele ficar aqui por dois dias?
-Você já encheu a cabeça dele, quem irá tirar ele daqui agora? - Ele dizia olhando para outra direção, como se quisesse evitar o olhar dela.
-Eu... Eu só vou ficar dois dias com ele. Prometo que não vou fazer nada que ele não queira.
-Se você engravidar dele, eu tomo o filho de você!
-Deixe de ser idiota! Eu nunca faria isso na situação em que ele está! Aliás, eu nunca faria isso com ELE. Imbecil! Além do mais, ele, no estado em que está, é o ser mais ingênuo e doce que eu já conheci.
-Ele era assim. Há muito tempo... - Tom olhou para Bill
-O que aconteceu? – Becca olhou para Tom curiosa.
-Nada.
-Não seja grosso! Eu só perguntei!
-E eu só respondi. – Tom era seco nas palavras.
-Tudo bem.
Tom pensou por um instante. Depois olhou para Becca que o encarava desafiadoramente como sempre.
-Tudo bem se for para a Alemanha com a gente?
Becca se assustou com a pergunta que ficou sem resposta por um longo tempo até cair em si.
-O que disse?
-Eu te perguntei se tudo bem para você ir com a gente para a Alemanha! – Ele disse de forma impaciente. – Ele disse que vai. Mas, nós sabemos que ele não arreda o pé daqui sem você.
Becca encarou Ninho de Ratos, depois desviou o olhar para Bill. O que havia acontecido no passado? O que levou ao fim da banda. Ela estava curiosa, queria respostas. Queria ajudar.
-Tudo bem. Eu vou. Como parte de nosso acordo. – Ela acabou aceitando. No fundo tinha um motivo muito maior que a puxava para lá. E ela se recusava a aceitar a verdade.
-Ótimo! Vamos Bill, vamos pegar nossas coisas e fazer nossas malas. Daqui nós viajamos.
-Como assim daqui nas viajamos? – Becca ficou sem entender.
-Ora Becca, eu vou ficar dois dias com o Bill aqui. Para garantir de que não tente nada com meu irmão.
- Não cabe você aqui.
-Deve estar espaço para mim na sua cama... – Tom deu uma piscadinha.
-Ninho de Ratos! – Bill reclamou.
- Seu pervertido!
Tom já havia saído com Bill. Algumas horas mais tarde os dois estavam na pequena quitinete, para tristeza, ou alegria de Becca...
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Espero que gostem... Posto novo capitulo semana que vem... Beijos e bom feriado a todas vocês...